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Cerveja, música ao vivo… e a final de Dragon Ball Super num bar

Desde que inventaram as bebidas alcoólicas e a transmissão de grandes eventos, o ser humano adquiriu o hábito de se reunir em bares para prestigiar espetáculos televisionados. Não importa se é jogo da Copa do Mundo ou a final do RuPaul’s Drag Race, muitos estabelecimentos espalhados pelos grandes centros urbanos descobriram o filão que é juntar uma galera para assistir a alguma coisa importante. Mas faltava ainda algo que levasse o público otaku a esses meios. Talvez porque anime é exibido em horários vespertinos em programas com palhaços assustadores em pleno ano de 2018? Talvez, mas acho que é porque faltava um grande anime que pudesse unir as pessoas ao redor de uma mesa de bar. E essa barreira foi ultrapassada por Dragon Ball Super nessa última noite.

Depois do incidente diplomático da semana passada, aquele no qual a Toei precisou mandar mensagens passivas-agressivas (sem muito resultado) para que países da América Latina não exibissem os momentos finais de Dragon Ball Super em praça pública, isso serviu de estímulo para muitos locais (inclusive no Brasil) tentassem fazer a mesma coisa. Como grande repórter investigativa que já cobriu eventos importantes como palestra de editores de mangás do AF e a festa televisiva da estreia de Cavaleiros do Zodíaco na Rede Brasil, me senti apta a me camuflar de otaka comum ao lado do meu fiel kareshi-estagiário e ir para o Season One – Art’s e Bar conferir a exibição do último episódio de Dragon Ball Super. O lugar, como era de se esperar, estava lotado e muita gente chegou a assistir aos episódios de pé.

Embora o bar, localizado numa área etílica de São Paulo, seja tematizado com base em seriados americanos, houve um grande esforço para transformar aquela noite de sábado numa mini-filial de evento de anime, porém sem a necessidade de esconder álcool em garrafinha de água. Os organizadores programaram a exibição em sequência dos últimos episódios de Dragon Ball Super e algumas apresentações musicais da banda Senpai Old School para evitar que o público se cansasse com as lutinhas genéricas de Goku e Jiren nessa reta final do anime. Embora a Panini, a editora que publicou Dragon Ball no Brasil, não tenha dado as caras, representantes da JBC estiveram lá distribuindo cupons de desconto de sua loja virtual e promovendo campeonatos de vergonha alheia valendo edições de My Hero Academia Smash.

A banda estava pronta para acalmar os ânimos se a transmissão desse pau.

Em um momento da noite, o apresentador levou dois cidadãos para disputarem um volume do mangá e um desconto de 20% num curso de japonês de Ricardo Cruz, o cantor da banda Danger 3. Poderia ser apenas um concurso de conhecimentos gerais sobre o anime, mas estamos falando de um bar com pessoas alcoolizadas, e não do estúdio do Passa ou Repassa: o apresentador sugeriu  então que eles fizessem um campeonato de kame-hame-ha valendo os valiosos prêmios. Como somente gritar o golpe do Goku não era o bastante, os dois se esforçaram para aumentar o ki antes da apresentação, tornando o espetáculo constrangedor, mas difícil de tirar o olho. Como um acidente de carro na rua, que todos paramos para olhar.

O que as pessoas não fazem por um volume de mangá.

O Season One também se preocupou em levar grandes celebridades otakas para o evento. Além de Ricardo Cruz e de um Marcelo Del Greco (editor de mangás da JBC) acompanhado de uma garrafa de cerveja, os fãs que acamparam no local tiveram a chance garantir um lugar pra sentar e de ver dubladores do anime. Além de Figueira Junior (dublador do Androide 17) e de Tânia Gaidarji (dubladora da Bulma que, ao contrário do que o social media do IGN Brasil insinuou, não morreu), o próprio Wendel Bezerra (a voz do Goku) deu uma passadinha rápida para dar um oi e pedir para todo mundo erguer as mãos numa grande genkidama. Claro que ninguém foi tão campeão quanto esse rapaz que improvisou uma genkidama produzida através de duas garrafas de Amstel:

Com a exibição num telão, pudemos acompanhar a GalvãoBuenização dos otakus acompanhando os episódios de Dragon Ball Super. “Jiren estava muito seguro de si”, comentou um fã de animação oriental durante a luta entre protagonista e antagonista do anime, e logo depois constatou que Goku tinha uma estratégia bem definida. “Faltou só perguntar ‘Pode isso, Arnaldo?’“, brincou meu estagiário. Eu estava ocupada bebendo. E, assim como acontece em grandes eventos transmitidos via internet, qualquer engasgo na imagem ou som era motivo para algum cidadão alcoolizado gritasse, talvez esperando que sua voz irritante se transformasse em um amplificador de roteador wi-fi.

Às onze e pouquinho, o bar finalmente exibiu o último episódio legendado (através da Crunchyroll que, surpreendendo até a mim, rodou perfeitamente mesmo com a alta demanda no dia) trazendo um espírito de final de Copa do Mundo. Todos deixaram suas cervejas de lado (alguns literalmente, dava pra ouvir copos caindo) para ver a luta valendo a existência do Universo 7. A cada reviravolta que Toriyama tirou do cu, a galera vibrava e aplaudia, e a definição do Torneio do Poder (com a revelação de quem havia ganhado) levou o pessoal ao delírio com aplausos, abraços e abraços héteros.

Freeza, esse grande jogador do time do Universo 7, se recusou a conversar com a Globo após o término da partida.

Como bem disse o Graveheart (do Genkidama) no Twitter, é curiosa essa transformação que Dragon Ball Super passou. A série foi lançada há dois anos sendo alvo de críticas por conta da animação e do roteiro pouco inspirado, mas hoje é capaz de levar pessoas que nem são ligadas ao nicho otaku a um bar. E acredite: muita gente lá nem ao menos acompanhava Dragon Ball Super, e estava acompanhando os últimos episódios pela primeira vez mais por causa do encontro no bar.

Acredito que seja um tipo de evento que poderia acontecer mais vezes, afinal é uma galera que sai um pouco do público de sempre que frequenta evento de anime e twitta sobre palestra de editora de mangá. Talvez a Crunchyroll devesse pensar em mais ações assim para divulgar a própria plataforma. Infelizmente, não consigo pensar em outra ocasião propícia que coincidisse uma exibição ao vivo numa noite de sábado de um anime shonen que as pessoas ainda não sabem o final.

12 comentários em “Cerveja, música ao vivo… e a final de Dragon Ball Super num bar

  1. Amei, se eu não insistisse em assistir DB somente dublado eu já teria assistido todos os episódios de super kkkkkk

    mas achei ótimo a galera se reunir num bar pra assistir o finale. invejei, até. pode até ter sido um mico tour, mas me parece que foi bem divertido kkkkkk

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  2. Ver anime bebendo é uma experiência que eu gosto bastante — aqui na minha universidade tem um clube de anime que se reúne as sextas à noite pra ver anime (porque otaku não tem vida social), e de vez em quando o pessoal leva umas cervejas pra sala e fica bebendo e comentando.

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  3. Pleno 2018 e as pessoas ainda fazem Genkidama…
    Tem gente que não saiu da década passada.

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  4. YAHAHAHAHAH!!! Realmente DBS se tornou algo grande. De algo q muitos criticavam a algo q trouxe multidões a lotarem lugares. Pergunto pras viuvas do GT se DBGT teve essa capacidade ? YAHAHAHAH!!!
    Bebida alcoólica, bar e Marcelo Del Greco. Com certeza se iniciou o clube da luta otaku no estacionamento do bar nesse dia.

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  5. Que coisa absurdamente incrivel! Não existe comparação. A marca DB (não agora) quebrou uma barreira midiatica, é um representante máximo de sua mídia. Quem nao conheçe anime conhece Dragon Ball, por isso podemos afirmar sem medo que é o maior anime de todos os tempos. Esse foi a parte do comentario em orgulho á serie em geral.

    Agora falando do Super, é pra mim o pior de todos os animes da série. Tiremos o arco do Black e nao sobre um arco sequer em que foi desenvolvido uma historia. Tivemos a façanha de 2 TORNEIOS nesse anime. Não importa se resgatou personagens antigos e etc, é apenas porrada; e o mais grave, o anime nao carrega aquele sentimento de imprevisibilidade, nunca se tem o sentimento de que os caras estão em perigo, tudo sempre tem que acabar bem. Não existe os danos colaterais que batalhas dessa magnitude deveriam causar. E isso, muito em parte pela forma como o Toryiama enxerga seu publico… Infantil

    Vai rolar uma analise completa do anime agora?

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  6. Tenho saudades de quando as discussões eram só pra falar mal de dragon ball super

    Agora se você fala mal, já vem gente falando “aff da onde vieram esses haters, calem a boca, Dragon Ball é DRAGON BALL. Fodástico.”

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  7. E plot twist em dragon ball é quando o Goku ganha.
    Como ele não venceu essa mais uma vez, nada fora do esperado.

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  8. Prefiro ficar na fila do pão ao ver o anime do Goku de cabelo azul em um bar com Marcelo Del Greco.

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