Mercado Nacional

5 provas de que a JBC é a editora mais sortuda do mercado

Sempre brinco que a Panini tem um bom informante porque todo mangá anunciado pela editora italiana ganha anúncio de um anime recente. Mas, convenhamos, é muito fácil para a Panini: ela tem dinheiro infinito e lança só novidade, uma hora algum desses títulos vira anime e pronto. Mas a JBC é um caso que me fascina, porque a editora tem mangás em catálogo que são muito beneficiados por anúncios inesperados de anime, provando que ela na verdade é uma das editoras mais rabudas do nosso mercado e que tem a sorte a seu lado. Separei alguns exemplos que provam isso, vamos lá conferir:

O caso Ultraman

Sem sombra de dúvidas podemos dizer que a JBC é a editora mais escorada no nostalgismo, tanto para conquistar a memória afetiva do leitor quanto para aproveitar mangás cujos direitos são mais em conta que os shonen de lutinha da Shonen Jump. Há alguns anos o espírito da infância dos anos 70 passou pelos escritórios da JBC e a editora licenciou o então desconhecido mangá do Ultraman, uma adaptação recente produzida com o selo de aprovação da Tsuburaya.

Por mais que a editora negue, afirmando que licenciou por se tratar de um mangá com qualidade, isso aqui foi lançado para conquistar os fãs da série original, exibida há pelo menos quatro décadas. Tanto que a caixa especial lançada pela JBC traz o semblante do herói parecido com o da abertura do tokusatsu original.

A sorte da JBC foi demonstrada com o anúncio inesperado de um anime produzido em computação gráfica e lançado pela Netflix. Ou seja, ela licenciou algo pela nostalgia e ainda ganhou uma repercussão de graça feita pela gigante do streaming. Sucesso!

O caso Ghost in The Shell

Considerada uma animação clássica dos anos 90 e precursora de todo um gênero de animes em que o diretor deixa pontas soltas para o público considerar algo muito profundo, Ghost in the Shell era um mangá muito desejado por muitas editoras, mas era bem complicado de licenciar. A JBC entrou na disputa e, em meados dessa década, conseguiu os direitos tanto de Ghost in the Shell quanto de Akira. Infelizmente, os requisitos para a publicação eram muitos, e a aprovação foi muito demorada, levando ao atraso da publicação. Que horrível, né? Só que não.

Todo o atraso da Kodansha para liberar o Ghost in the Shell para a JBC fez com que o mangá saísse coincidentemente na mesma época do lançamento do filme live action de Hollywood. O filme não foi um grande estouro e tem uma escalação bem duvidável, mas acabou servindo como divulgação gratuita para a JBC. Lucky!

O caso Nausicaa

Mais um caso de atraso no Japão que levou ao êxito da JBC. Após o cancelamento de Nausicaa em meados da década passada pelas mãos da Conrad, os responsáveis pelos direitos autorais do mangá não queriam licenciar o mangá para o Brasil nem por um cacete cosplayado de Totoro.

O pessoal do Pipoca & Nanquim inclusive deu a entender que, se dependesse dos donos dos direitos, eles nunca mais licenciariam algo para o Brasil. Mas eles não esperavam que a JBC fosse mais insistente do que fã de Cavaleiros achando que o próximo anime será um sucesso!

Após quase uma década de negociação, a JBC conseguiu os direitos para republicar Nausicaa. Até aí beleza, já rende uma notícia interessante, mas vamos lembrar que Nausicaa está longe de ser o filme mais conhecido do Ghibli no Brasil, afinal ele havia sido lançado só em DVD por uma empresa pequena. Só que o anúncio da JBC se deu na mesma época em que a Netflix (sempre ela) anunciou a vinda de quase TODOS os filmes do Ghibli, popularizando os mesmo. Se isso não é sorte, não sei o que é.

O caso InuYasha

Há mais ou menos quatro anos a JBC cometeu a burrada de incluir InuYasha em uma enquete de possíveis republicações. Não que o mangá seja ruim, mas era uma franquia datada e muito longa. Durante anos a editora enrolou para arranjar uma forma de publicar o mangá sem que tomasse um prejuízo do tamanho do braço do All Might.

Após muita negociação, ela optou por lançar o mangá no formato wideban, em 30 volumes, mas ainda assim seria algo muito arriscado. Era necessário um milagre, como uma nova produção envolvendo InuYasha para tornar o nome do meio yokai conhecido novamente, mas isso era impossív…

Pois é! Contrariando qualquer expectativa, a JBC conseguiu licenciar um formato para o mangá de InuYasha ao mesmo tempo que a Sunrise havia anunciado um novo anime para a franquia de Rumiko Takahashi. Ninguém esperava o retorno de InuYasha, se duvidar nem a Rumiko, mas agora a JBC tem a sorte de conquistar todo um novo público com o mangá protagonizado pelo pai de uma das protagonistas do novo anime.

O caso Sakura Wars

Esse caso é muito parecido com InuYasha, mas na minha opinião é a prova de que alguém lá no céu é muito fã do trabalho da editora JBC. Na mesma época do anúncio de InuYasha rolou a revelação que a editora iria lançar a adaptação para mangá de Sakura Wars. Assim como Dragon’s Dogma, se trata de um trabalho bem mediano feito apenas para se aproveitar de um nome de jogo famoso, mas Sakura Wars já era uma franquia morta na época do anúncio da JBC.

O mangá foi atrasado durante anos, deixando bem claro que era algo em que a própria editora não estava dando tanta prioridade assim, e foi lançado agora em 2019/2020, dez anos após o esquecimento da franquia Sakura Wars por parte da Sega, certo? ERRADO!

Do nada Sakura Wars foi revivido pela empresa, ganhou um novo jogo/reboot para consoles da atual geração e ainda enfiaram um character design do Tite Kubo. E a JBC conseguiu lançar o mangá simultaneamente com o novo jogo por muita coincidência. As chances de um novo Sakura Wars sendo lançado nesta década era totalmente improváveis, provando que a JBC é a editora mais rabuda do mercado nacional.