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A dublagem do filme de My Hero Academia nem chegou e já estou com medo dela

Se você se informa apenas através desse site… bem, sugiro que acompanhe também o Twitter (clique aqui) e o recém-criado Instagram (clique aqui) do Mais de Oito Mil porque lá eu acabo falando de coisas que às vezes não viram assunto aqui no site. Como, por exemplo, a notícia de que a Sato Company conseguiu os direitos para exibir o filme de My Hero Academia no Brasil (com o deliciosamente cafona título nacional de “Minha Academia de Heróis“).

Só do filme chegar aos cinemas nacionais é muito legal, até porque se até mesmo o filme de Bungou Stray Dogs foi bacana de ver na telona, imagina o filme de uma série que eu gosto. Mas foi só a empresa jogar o nome do filme na roda que começou a aparecer a grande dúvida otaka: vai ser dublado ou legendado?

Talvez por causa do apelo popular, a Sato Company se manifestou em seu Instagram:

Ou seja, a Sato está disposta a fazer uma boa dublagem para o filme da Minha Academia de Heróis… e é aí que mora o perigo. Não estou muito confiante do que esperar (e olha que nem me refiro aos INÚMEROS otakus pedindo Guilherme Briggs no papel de qualquer personagem), principalmente no quesito adaptação.

A tradução de My Hero Academia é bem complicada pelo número de brincadeiras, jogos de palavras e detalhes propostos pelo autor, tanto que nem mesmo o mangá lançado pela JBC (que já tem uma tradução ótima) consegue manter 100% do esperado para o entendimento do mangá. Um desses casos (e o mais famoso deles) é o apelido que o Deku deu para seu colega de infância, o Bakugou. Para o ódio do rapaz esquentado, Deku o chama com o apelido “Kachan”, usado desde a época de criancinha. Acontece que manter como “Kachan”, que é como aparece no mangá da JBC, tira um pouco da “graça”.

O “Kachan” é uma mistura do “Ka” de “Katsuki” (o primeiro nome dele) e o sufixo “-chan”, que é uma forma carinhosa, quase infantil, de se referir à pessoa. Como o único lugar que tenta usar -chan com naturalidade no Brasil é nos mangás da Panini, o apelido não teve o mesmo “efeito” da ideia do autor. Um leitor que bate o olho não percebe o motivo do Bakugou detestar ser chamado daquela forma. Porém, o pessoal da Crunchyroll conseguiu adaptar isso de forma perfeita: o personagem foi chamado de “Kazinho”. Inclusive tem um texto ótimo do Fernando Muccioli, da Crunchyroll, sobre essa adaptação.

A reação dos otakus pra essa adaptação é mais previsível do que esperar um arco de My Hero Academia com invasão de um grupo de vilões. Boa parte dos puristas detestou o apelido “Kazinho”, alegando que é uma forma ridícula de se referir a Bakugou. Sim, há uma reclamação no meio otaku sobre a tradução propositalmente ridícula de um nome intencionalmente ridículo.

Não assisti ao filme e nem ao menos sei se o Bakugou é chamado dessa forma no longa, mas esse exemplo aqui é só para mostrar como é sempre mais interessante para a versão dublada fugir das coisas japonesas DEMAIS. E isso não tem a ver com estúdio bom ou ruim não: eu gosto muito da adaptação de Hi Score Girl (que foi dublado em Campinas, local considerado “dublagem ruim”) ao mesmo tempo que tenho pavor do que o pessoal do Kobayashi-san fez (dublado do Rio, considerado um local “maravilhoso” para dublagens).

O mais importante para a Sato Company é até ouvir os otakus, mas não necessariamente atender a todos os pedidos deles para a dublagem de My Hero Academia. Não adianta surgir um abaixo assinado para o Wendel Bezerra dublar sei-lá-quem quando o personagem nem tem o tom de voz dele. Não adianta manter todos os termos em japonês se isso deixa difícil de entender. Agradar otaku é uma tarefa impossível, porque ele é movido por sentimentos inconstantes: ao mesmo tempo que exalta a dublagem cheia de gírias brasileiras de Yu Yu Hakusho, ele exige uma tradução que não saia do texto original.

Boa sorte para a Sato Company e espero que seja uma escolha que não vá doer nos nossos ouvidos.

25 comentários em “A dublagem do filme de My Hero Academia nem chegou e já estou com medo dela

  1. se o filme tiver dublagem boa, poderia ter pro anine tbm
    (nao q eu goste do anime)

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  2. Que matéria meus amigos, é por isso que é um dos poucos blogs qje iai da sigo até hoje.

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  3. Sobre esse lance de elogiar a dublagem brasileira de YuYu Hakusho se dá no fato de terem visto esta primeiro. Se fosse hoje em dia, com muitos tendo assistido o anime no original, teriam chiado ao ver que colocaram gírias na dublagem.

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  4. Sou filho do mato, venho da roça, meu pai é vaqueiro e minha mão é grossa disse:

    realmente, agradar otaku é muito difícil

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  5. Vc disse que o nome será “Minha Academia de Heróis”, mas se referem ao filme como “My Hero Academia: 2 Heróis – O Filme” todas as vezes no post

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  6. Kazinho≥>>>>>>>>
    EU odeio honoríficos de todas as formas possíveis.

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  7. – Guilherme: O ruim é que Deku é um jogo de palavra em kanji (Que eu me lembre de explicações), dado que seria um termo originalmente usado para definir alguém negativamente ( Não traduzi-lo é uma boa opção dado que o nome de Izuku ao menos permite fazer sentido no uso de Deku como apelido.

    —-

    Tentando uma tradução porca da Wikia da série:

    O termo “Deku” como ofensa significa “fantoche”, é usado para falar de alguém que não faz ou consegue nada.

    A proposta da Ochaco é que o termo é próximo de “dekiru”, ou “eu posso fazer”.

    —-
    Não consigo pensar aqui em formas de traduzir pois não temos termos próximos. “Fantoche” como sinônimo é “boneco” ou “marionete”.

    Se tentar traduzir, vão chamar o Midoriya de “Louro José”.

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  8. – Eduardo, parece que a Sato está tentando trazer com o nome traduzido. As primeiras comunicações vieram assim mesmo: “Minha Academia de Heróis”.

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  9. A inconsistência do Otaku é traduzida no texto da forma mas fantástica possível (não sei se proposital ou não): Enquanto se acha cafona o título “Minha Academia de Heróis” no início do texto, acha-se ruim o uso de honoríficos nas traduções. Ou também conhecido por “Traduza para português, pero no mucho”.

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  10. Pra mim, esse estrangeirismo obrigatório (de acordo com os otakus) é mais ridiculo do que chamar Bakugo de Kazinho. Não é pq tá no mangá e na voz original em japonês que esses sufixos orientais vão funcionar na dublagem em português. Tenham bom senso uma vez por favor!

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  11. Ué mas o nome n é esse mesmo traduzido, Minha academia de herois. Cafona e o titulo da obra em si, n importa a ligua q esteja.

    Bem de resto e resto, esquentar cabeça com algo q nem saiu ainda é meio pedreira. Vamos ver o resultado.

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  12. Concordo que, quando se traduz um conteúdo de uma língua para outra, devem se realizar adaptações. Não defendo manter a existência de sufixos, embora eles não me incomodem, pois já me acostumei com eles. Eu entendo o motivo de Kachan virar Kazinho, mas ainda me soa um pouco estranho.

    Quando se pensa em nomes masculinos no diminutivo, o resultado normalmente é isto: Paulo vira Paulinho, Fernando – Fernandinho, João – Joãozinho.

    Normalmente substitui-se apenas o final para se transformar em diminutivo.
    No caso específico, Katsuki vira Kazinho. Não lembro de exemplos na língua portuguesa, tirando, talvez, casos femininos em que as pessoas as vezes se chamam pela primeira sílaba de seus nomes (no entanto, admito que isto pode ser consequência de meus círculos de convivência).

    Acho que um apelido infantil para Katsuki, que soaria mais normal para nossos ouvidos, poderia ser Kaka. É um apelido mais comum para brasileiros e, em termos de sonoridade, fica mais próximo do original.

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  13. Capaz que chamem o Deku de Dek, pra molecada não apelidá-lo de Delku.

    E Kazinho é o ex ‘atacante’ do Curíntia!

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  14. O otaku brasileiro é por natureza, um chato. Tem aqueles que se acham os inteligentes por assistir em japonês, tratando quem vê dublado como analfabeto. Tem aqueles que querem ver dublado, mas tem que ser dublado igualzinho a versão japonesa (com os honoríficos ainda por cima) , senão armam um barraco. Estranhamente é a mesma galera que endeusa a dublagem de Yu Yu Hakusho (que é brilhante, mas que assistiu a versão da Manchete vai lembrar que o Marco Ribeiro dublou metade dos figurantes que apareciam no anime, além do Yusuke).

    Sobre a dublagem do filme My Hero Academia (ou Academia de Heróis): Deve ficar Kazinho mesmo, já que a Sato quer lançar o filme nos cinemas, então devem evitar ao máximo expressões japonesas, pra assim atrair mais o público. Só quero saber como vai ficar a pronúncia de Deku (Deko, Dekô ou Decú, que lembra o palavrão). E pra galera que quer forçar o Briggs no All Might: Parem, não vai dar certo. Além desse pedido insistente ser chato, o Briggs não tem o tom certo pro personagem (ainda acho que Afonso Amajones, em São Paulo ou Ricardo Juarez, no Rio seriam os dubladores ideais pro personagem).

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  15. As vezes acho que os otakus br toleram qualquer merda que tenha acontecido sobre os animes caso eles tenham nostalgia sobre o ocorrido. Mas mesmo assim, muita gente gostou da dub de OPM com suas trezentas girias brasileiradas, então essa questão de uma adaptação de dublagem ser aceita ou não pelo publico, se torna uma questão delicada de saber mirar no alvo certo

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  16. Puts, eu tenho que admitir que o “kazinho” era um negócio que me incomodava de início (sim, eu sou esse tipo de inútil) maaaaas após ler esse post, meu ponto de vista mudou completamente. O apelido meio que traduz e situa melhor o espectador, justamente porque o diminutivo em nomes é algo que usamos bastante por aqui, e kacchan, mesmo com as explicações no fim da página, não causa o mesmo efeito.

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  17. Posso estar errado, mas eis algo que a galera não tá parando para pensar.

    Mesmo em japonês, alguns nomes são americanizados. E o da própria série é um título “duplo”, o termo é divulgado tanto em japonês quanto em inglês (claro que pelo fato também que é uma série hoje já universalizada, mas bele).

    Ao menos na dublagem americana pelo pouco que sei, Deku não teve tradução. Então é um dilema difícil: no Brasil, obviamente Deku seria vulgarmente popularizado cês sabem como. Então… Mas como há todo um ponto relativo a tradução, que pode ser analisado ao ver outras traduções em outros países para ver se acha “padrões”, então provavelmente Deku se mantém e ponto final. Que venham as piadas homofóbicas para os fãs inteligentes combaterem, mas também que venham as piadinhas com o fogão e o carro. (Deku cozinhando no Kazinho)

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  18. Lendo o paragrafo antes de chegar na solução eu já imaginei o Kazinho.
    Eu realmente odiaria ser chamado assim, a adaptação fica muito boa, mas vai ter Otaku chato assim em.

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