Desabafo

Editoras, vamos parar com esse rolê errado de anunciar muitos mangás?

Esse final de semana aconteceu um famoso evento de ~cultura nerd~ que se autointitula tão épico quanto as obras de Homero (o nome da CCXP não será mencionado porque eles não me deram credencial de imprensa, ok?) e tanto a Panini quanto a JBC estiveram lá com seus painéis de revelações para o público. Enquanto o da Panini teve a presença de Frank Miller e Beth Kodama anunciando nada menos que SETE TÍTULOS diferentes, a JBC foi na contramão e fez um painel sobre vários nadas, anunciando apenas a morte do Ink Comics. Para a galera da Internet, ficou bem claro que a Panini PISOU na JBC e saiu como a ~campeã da feira~, mas na verdade quem se fodeu fomos todos nós mesmo.

Lá pelos idos de 2010, quando a JBC estava completando 10 anos de atividade, rolou um boato que eles iriam comemorar fazendo 10 anúncios de mangá. Na época, o editor Marcelão del Greco chegou a falar que esse número de anúncios era absurdo, e assim foi. Ano passado nos 15 anos de JBC, em contrapartida, o inverso aconteceu e a editora anunciou mais de 30 TÍTULOS NO MESMO ANO, lançando quase tudo no tempo previsto. Mesmo se tratando de títulos curtos (afinal, a JBC não é uma editora enorme), ainda assim são 30 títulos. E, de certa forma, isso acabou criando uma guerra fria entre as editoras de mangá, e ambas partiram para a briga de anúncios de títulos porque, né, o pessoal vibrava a cada tranqueira anunciada.

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Nessa disputa que praticamente é uma competição de tamanho de pinto do mercado editoral de mangás, quem saiu perdendo foi a gente. A quantidade de títulos anunciados não estava de acordo com a carteira do público e a situação econômica no país. E a quantidade de anúncios chegou num nível que havia coisa saindo mais de um ano após divulgada pela primeira vez (como foi o caso de Rust Blaster da Panini, isso que nem tamos contando coisas como Akira que o problema são os japoneses).

Quem mais se empolgou com essa coisa de anúncio de mangá foi a Panini, que tem cheat de dinheiro infinito e pode negociar muitos títulos. A cada aparição pública de Beth Kodama, tínhamos a certeza que a editora faria algum anúncio de one-shot ou título muito esperado. Até mesmo 21th Century Boys entrou no balaio como se fosse um lançamento, e não uma óbvia continuação de 20th Century Boys. E a quantidade de coisa anunciada chegou a não acompanhavar o calendário de lançamentos da editora, o saquê tava transbordando já do copinho. No meio do ano, por exemplo, a Panini anunciou títulos como Nisekoi, Dr Slump, Sakamoto Desu Ga e me pergunta quando é que eles vão sair? Só Kami-Sama sabe! Ao mesmo tempo, a JBC precisou repensar seus lançamentos (alguns títulos viraram bimestrais) e simplesmente parou de anunciar títulos em eventos. Mesmo assim, ainda está atrasadíssima no cronograma (por onde andam Dragon’s Dogma e Sakura Wars? Um beijo, Dragon’s Dogma e Sakura Wars!).

sakamoto-capa

A impressão que eu tenho é que, mesmo sem querer, a JBC colocou uma carta armadilha virada pra baixo no campo, que é a necessidade de rolar sempre anúncio criada na cabeça do público otaku. Não importa mais quando vai sair, queremos apenas que revelem nomes para ganharem notinhas na imprensa especializada (pff) e repercussão nas redes sociais. E quem caiu nessa carta armadilha é justamente a Panini, que não para de anunciar mangás que não fazemos a menoooor ideia de quando vão sair. Só do Akira Toriyama, por exemplo, temos Dr Slump, Jaco e mais a colaboração com o Masakazu Katsura pra sair em algum momento de 2017.

De verdade, se as editoras (não só a Panini como a JBC, a Nova Sampa, a Newpop etc) não se segurarem um pouco essa vontade desesperada de conquistar aplausos do público, capaz de no Ressaca Friends termos pela primeira vez anúncios de mangás que serão publicados só em 2018.

13 comentários em “Editoras, vamos parar com esse rolê errado de anunciar muitos mangás?

  1. Concordo plenamente, novamente vc traz uma visão bem apurada q é esse circo editorial. Realmente muito dos títulos da panini foram anunciado durante meado desse ano e nada, JBC só cumpriu com as tranqueiras de cavaleiros do zodíaco praticamente e as outras duas editoras ainda existem ? Nova Sampa principalmente, q barrou ikkitousen de vez e ainda prometeu aquele proto super campeões e nada.

    Acho q o negocio é todo mundo cair na real e admitir q n há uma ”melhor editora” no Burajiru.

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  2. Eu já “dropei” tudo que colecionava da JBC. Com o fim do “Lost Canvas”, e mesmo gostando de saint seia (desculpa mara), nem sou louco de comprar o kanzenban (que deveria trazer de brinde uma armadura de ouro). A qualidade da jbc vai de mal a pior… E da Panini continuo apenas com One Piece. Eu acho que a “bolha do mercado editorial de mangás” está prestes a explodir e as editoras vão sentir fortemente esses efeitos.

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  3. Isso sem falar da NewPop, que anunciou uns 20 títulos no NewPop Day ano passado e começou a lançar até agora só Log Horizon e Madoka (que lembro de cabeça).
    As editoras devem anunciar uma porrada de títulos pra saber qual ta mais hypado e lança-lo no momento.
    Se ao menos aumentassem a periodicidade dos próximos de bimestral pra trimestral…

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  4. Anúncios tem de monte mas eles não estão saindo agora exatamente porque ninguém tem condições de comprar tudo o que quer porque gosta ou porque se interessou. Se o problema é ninguém ter condições pra isso os anúncios serem feitos não deveria ter uma repercussão negativa, a Panini só acordou agora depois de perceber que poderia fazer melhor porque a Jbc estava dando aula pra ela, e se o público otaku quer anúncio, que deem oras, macaco quer banana, quem não chora não mama, por isso entopem as postagens das redes sociais com pedidos de título X e Y, e quando anunciam é a alegria da galera, não vejo problema, um dia os títulos vão sair, nada melhor que saciar a sede de desejo por aquele título tendo certeza que ele vai sair e vai ficar na sua estante.

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  5. Só li verdades!
    Anunciam um monte de títulos, mas cadê leitor pra ler isso??
    Se pelo menos tivesse uma linha de mangás criada pra gerar leitores novos, com títulos de acordo, eu até apoiaria isso. Mas como não tem… x(

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  6. @Kauê: Você comentou isso da Newpop, resolvi ir no Guia do Quadrinhos e ver umas coisas…
    Veja só:
    Ano: 2016 Lançamentos: 05, excluindo continuações e novels.
    Ano 2015: Lançamentos: 13
    Ano 2014: Lançamentos: 12
    Ano 2013: Lançamentos: 12
    Ano 2012: Lançamentos: 15
    Ano 2011: Lançamentos: 05
    Ano 2010: Lançamentos: 12
    Ano 2009: Lançamentos: 06
    Ano 2008: Lançamentos: 03
    Ano 2007: Lançamentos: 02

    Esse ano em particular a Newpop pegou pra correr com séries que tinham começado e tavam paradas. Isso sem contar as Novels.
    Acredito que ano que vem as coisas melhorem em matéria de lançamentos de mangás.

    Ah, sim! Levantei essa lista pegando dados daqui;
    http://www.guiadosquadrinhos.com/gibis-da-editora/newpop/289

    E uma coisa que lembrei agora, como ficou pro pessoal que assinou a série nova de Corpse Party?

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  7. Ótimo artigo! É uma onda de ilusão e futurologia que o mercado não comporta.
    Seria melhor trabalhar a divulgação nos bons títulos que já estão rolando do que ficar falando de coisas que sabe-se lá quando vão sair.
    Dr Slump e Jaco são boas novidades, mas ficar esperando sem ter data nenhuma prevista estraga todo o prazer inicial.

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  8. @The Fool É estranho ver que pularam de 5 lançamentos pra 15, e depois de 13 de volta pra 5. Teve também aquela “pausa estratégica” deles.
    Eu não sei, mas acho que vai ser bem difícil pra eles daqui pra frente. JBC e Panini estão com uma porrada de títulos lançando a todo momento e a maioria de muito peso. A NewPop já começou o que tinha de peso e os que ainda não lançou é bem nicho, mas mesmo o nicho pode não se interessar tanto por causa da quantidade de outros títulos no mercado.

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  9. @ Kauê: Mas então… A Newpop é praticamente a tal “terceira via”, ela não funciona da mesma maneira que a JBC e a Panini. Maioria dos lançamentos são bimestrais / trimestrais, isso é, supondo que tudo corra bem, o que não foi o caso esse ano.
    Eles podem se dar ao luxo de ter hentais no catálogo, por exemplo. E claro, tem o ponto das Novels, que ninguém quis se dar o luxo de tentar com mais afinco.
    Seria legal se eles conseguissem manter um ritmo de…sei lá, uns 10 mangás / comics / novos por ano, mas não sei se eles tem como fazer isso, deve ser pouca gente lá.
    E esses mangás mais longos (10 volumes ou mais) tem que tomar cuidado. Usagi Drop são 10 volumes, começou em 2014, vai acabar só ano que vem, 2017. Cara, 10 volumes em 3 anos? E nem vou entrar no mérito de Loveless, que começou no mesmo ano e não terminou ainda ( no momento com 12 volumes ).
    A Newpop precisa dar um jeito na periodicidade dos mangás mais longos.
    Ah, tu viu que a editora japa de Nº 6 pediu pra adiantarem a novel ao invés do mangá? É mais um mangá que vai pra geladeira em 2017 pelo visto… -_-

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  10. Isso nesmo. Muito título para pouco leitor… Eu até teria uma sugestão… Mas, nao menciono porque vai que concordam e implementam… Com a qualidade que estão publicando é melhor não.

    Sandra Monte
    http://www.papodebudega.com

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  11. Depois de várias pautas progressistas resolveu realmente tocar num ponto interessante. Mas isso vem se agravando e já chegou a um patamar insustentável agora. Mas o nicho não estava satisfeito: não era o ápice do mercado nacional de mangás? Agora elas não querem nem saber, que lasque o consumidor em conseguir acompanhar tudo.

    Aí veremos o efeito Conrad: números encalhados sendo vendidos a preço de banana.

    Eu avisava isso há tempos.

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  12. Daqui a pouco vão ter que fazer kickstarter pra conseguir lançar os mangás anunciados

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