Mais de Oito Mil Interview

Mais de Oito Mil entrevista Cassius Medauar, gerente de conteúdo da JBC

O mês de janeiro já está chegando ao fim e já tem muito mercado vendendo ovos de páscoa (APENAS PAREM), mas continuo com a série de entrevistas com os representantes das editoras do Burajiru a respeito do que rolou em 2015. Depois de entrevistar o Junior Fonseca da NewPOP e da Beth Kodama da Panini, chegou a vez de conversar com Cassius Medauar, o homem sem orelha por trás dos mangás da JBC. Para conversar com esse veterano do mercado (pois ele estava lá quando a Conrad publicou Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco), encontrei-me com Cassius no Museu da Imigração e conversamos sobre o mercado editorial brasileiro enquanto andávamos no agradável passeio de Maria Fumaça, obviamente comendo uns belisquetes e tomando tubaína. Quer saber o que aconteceu nessa conversa? IKIMASU para a entrevista logo após essa montagem horrível do Vegeta entrevistador!!!

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Mais de Oito Mil: Uma das novidades da JBC nesse ano que passou foi o relançamento do Marcelo Del Greco através do selo Ink Comics, o que nos leva à primeira pergunta: primeiro falaram que o Ink publicaria títulos diferenciados e de outras nacionalidades, mas aí veio até um mangá da Shueisha como To Love-Ru. Na palestra do Ressaca Friends, o MDG contou que o selo ia se moldando com o tempo e com os lançamentos. Afinal, o que é o selo Ink Comics?

Cassius Medauar: Bom, o Selo Ink foi criado sim para publicarmos títulos diferentes, nacionais ou de outras nacionalidades, e isso vai ocorrer aos poucos. No meio do caminho houve a volta do Marcelo Del Greco e, como o projeto acertado com ele foi o de lançar uma linha de mangás diferente do usual da JBC, foi apenas natural acomodar essa linha dentro do Ink, selo novo já existente exatamente para coisas assim. To Love Ru é uma aposta, não é um título que lançaríamos em nossa linha principal, por exemplo. Talvez, no futuro, com os planos que temos pro ink dando certo, as duas linhas de mangás japoneses podem ser unificadas. Vamos ver.

MdOM: Uma das vantagens ditas sobre o formato big é que ele é bimestral e alivia um pouco o bolso. Só que o formato é a junção de dois volumes, então pro bolso do consumidor não é a mesma coisa de lançar dois tankos mensais de 20 reais?

CM: Bom, na verdade essa afirmação vale para todos os títulos bimestrais de todas as editoras. E a afirmação continua verdadeira, afinal, se eles fossem mensais, seriam 2 volumes juntos por mês, certo? A questão é exatamente que são títulos que não lançaríamos em tanko normal por acharmos arriscado demais. Só essa explicação separada do todo da coleção “Big” acabará passando mesmo a ideia errada. Esse formato foi pensado para lançarmos coisas difíceis de serem lançadas em um tanko normal, seja pelo número de volumes, seja por já ter sido cancelado por outra editora, etc. Além disso, pelo fato de ser para livrarias, independentemente da periodicidade, os títulos continuam lá, disponíveis, e com isso o leitor pode comprar quando quiser, e isso é outro fator que ajuda a “aliviar o bolso” do leitor. Ele consegue comprar ao longo de um bom tempo.

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MdOM: Quando a JBC anunciou Super Onze naquele formatinho vocês falaram que estavam experimentando um projeto editorial diferente. Como não tivemos mais nenhum mangá infantil, nenhum 1/3 de tanko e mais nenhum título de futebol depois desse, devemos interpretar que foi aquém do esperado?

CM: Sim, foi aquém do esperado. E não que tenha sido ruim. O resultado foi médio, por isso estamos estudando a possibilidades de continuidade e/ou mudanças naquele formato. Mas uma coisa bacana foi que levou um tempão para convencermos os japoneses, mas, depois que saiu, eles gostaram muito do resultado, e ficamos bem contentes com isso.

MdOM: Em 2015 a JBC investiu bastante no Henshin Online e acabou sendo a editora que melhor manteve um diálogo com o público, porque além de anunciar as novidades também respondia às críticas (como foi o caso do papel de Gangsta). Você acha esse tipo de transparência positivo para a editora?

CM: Não só o Henshin Online, mas as redes sociais em geral, participação em eventos, resposta de e-mails. O contato direto com o leitor virou algo natural hoje em dia por causa da Internet, e,com isso, não só é importante que as empresas tenham canais para explicar possíveis problemas, mas também para contar o que está acontecendo com seus títulos preferidos, os bastidores, as pessoas são ávidas por informação.

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MdOM: A pergunta que não quer calar (até porque não tem boca): o que aconteceu com o rosto do policial no 14º volume de Yu Yu Hakusho? [OBS: Aqui o caso]

CM: É o de sempre. Erros acontecem. As pessoas não lembram que do lado de cá também temos pessoas trabalhando nos mangás e que erros acontecem, e isso em todas as áreas, nas editoras, jornais, revistas, livros. Tem o exemplo clássico de um dos volumes da Guerra dos Tronos, da Editora Leya, que saiu sem um capítulo inteiro. Pode ter certeza de que quem fica mais chateado quando algo sai errado em um mangá somos nós mesmos.

MdOM: Os editores de mangás nunca revelam os planos futuros das editoras por motivos óbvios, afinal a concorrência pode passar na frente e levar o tal mangá. A única exceção foi você, que sempre demonstrou querer One Punch-Man na época que o mangá não estava disponível para licenciamento ainda. Quando ficou sabendo que o título sairia pela Panini, rolou aquela dorzinha interna de traição e mágoa por você querer trabalhar com esse mangá num eventual lançamento pela JBC?

CM: Sempre rola uma tristeza quando não conseguimos pegar um mangá que gostaríamos, mas claro que estou acostumado com isso, pois sempre vai rolar concorrência com os títulos maiores e não vamos mesmo conseguir todos. Acho que eu não teria o direito de ficar magoado ou algo assim, afinal, não conseguimos um título aqui, mas logo ganhamos a concorrência de outro e beleza. Vou dar um exemplo extremo, mas, por exemplo, não consigo nem descrever o que senti quando soube que ia poder editar Akira e Ghost in The Shell. De verdade, fico feliz de trabalhar na JBC e poder editar tantas coisas legais.

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MdOM: A JBC parece ter uma “mania” de não se interessar muito por sequências de mangás, mesmo que sejam continuações diretas de títulos publicados pela editora. Alguma esperança para os que sonham ver Gunnnm Last Order, Genshiken Nidaime, Shaman King Flowers e UQ Holder (continuação espiritual de Negima) por aqui?

CM: Bom, desculpe que, quando você fez a pergunta, não tínhamos anunciado UQ Holder ainda. Bom, na verdade não temos nada contra continuações. Apenas tudo depende muito de timming, qualidade do material, número de volumes e mais um monte de detalhes.

MdOM: Pra terminar, uma dúvida muito sincera que eu tenho. As editoras brasileiras conseguem ter informações de bastidores das emissoras japas? Por exemplo, por terem os direitos de Hunter x Hunter e Nana vocês podem mandar um email pra editora perguntando “ow, cê tem alguma ideia quando os autores tão pensando em continuar essas bagaças?”?

CM: Não tenho como falar pelas outras editoras, mas por aqui, na JBC, sim, conseguimos, mas isso varia bastante de editora pra editora, autor pra autor. Temos liberdade para perguntar esse tipo de coisas, mas nem sempre eles querem/podem responder, e as vezes eles nem sabem também.

MdOM: Obrigada pela entrevista, Cassius. Deixe um recado para os leitores do Mais de Oito Mil (prometo que eles não vão arrancar a sua orelha como aconteceu com o seu homônimo)!

CM: Hahahaha, Blz. Pessoal, podem esperar que, mais uma vez, este ano teremos muitas novidades e surpresas para vocês. Aqui, na JBC, acreditamos que é importante investir no mercado testando novos formatos, criando concursos, abrindo canais novos de comunicação e o que mais vier. Obrigado pelo espaço.

25 comentários em “Mais de Oito Mil entrevista Cassius Medauar, gerente de conteúdo da JBC

  1. Como assim… “Bom, desculpe que, quando você fez a pergunta, não tínhamos anunciado UQ Holder ainda.”??? Estamos em Janeiro!!! O tal mangá foi anunciado em novembro (ou outubro, não me lembro bem)
    Mesmo que tenham feitas em dezembro, anuncio do lançamento já tinha feito!!! Incrível como alguns editores-chefes de algumas editoras são piores que políticos para fugir do assunto

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  2. pooow, achei que essa entrevista ia ser mais polêmica hein xD ? Nem pressionou o Cassius quanto as suas paginas transparentes e o fato de deletarem comentarios na pagina deles !

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  3. CORREÇÃO DO MEU COMENTÁRIO:
    Foi erro meu, fui ver e o mangá foi anunciado esse mês mesmo (inicio de janeiro)
    Andei ouvindo tanta fofoca sobre esse lançamento (do UQ Holder) que pensei que tinha sido anunciado oficialmente há meses
    Falha minha

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  4. Mara, parabéns pelo seu trabalho. Apesar das zoeiras e do humor quase involuntário, você é a única que se propõe a correr atrás de pautas maravilhosas como esta, e de fazer perguntas que nós gostaríamos.
    É bom saber que alguém se propõe a fazer um jornalismo sério, ainda mais nesse meio tão cheio de opiniões rasas e primeiras impressões.
    Um abraço.

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  5. Cadê toda a esculhambação e excesso de sarcasmo que todos esperamos das entrevistas do Mais de Oito Mil??

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  6. Eu achava que iria ter alguma coisa mais picante para a entrevista, mas o resultado ficou bom. Conversa de compadres.

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  7. Sorte q o one punch vai sair pela panini… 90g por 16.90… se saisse pela jbc iria ser papel vegetal por 17.9 uheuheuhee

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  8. Mara, até que você foi bem educadinha com essa sua troca de emails com o Cassiuss bem, sabendo que você não tem da onde tirar mais alguma pauta para amanhã te desejo um bom final de semana e mês.

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  9. A pergunta que não quer calar: se ele pode perguntar sobre os mangás mais encalhados que eu, por que ainda não espalhou que a Yazawa ta morta em casa há anos sendo comida pelo gato até sumir e que o Togashi tá ocupado demais com a ninfomaniaca da Naoko?

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  10. pq a yazama nao esta morta, esta em coma eterno

    e togashi se separou e esta depressivo jogando dragon quest

    e pode ter essa da panini passar a perna na jbc com mangás e o cacete, mas só o fato deles conseguirem as licenças de GITS e Akira (que diziam que nunca poderia ser lançado fora do japao) ja dá muilhares de pontos pra jbc

    só espero que tratem as obras com o respeito e a qualidade que elas merecem, ate pq todo mundo sabe que vai custar CARO PRA CARALHO!!!

    capaz do dolar estar valendo 5 dilmas ate o segundo semestre, isso se ainda existir economia nessa brasi7

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  11. A Mara amarelou?fica fazendo piadinhas sobre a “transparencia” da JBC o tempo todo e nem tocou nesse assunto na entrevista?
    E a resposta do Cássius sobre aquele aquele erro em YYH 14 é que “erros acontecem”?mas consertar o erro,isso NAO vai acontecer,né?

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  12. “Temos liberdade para perguntar esse tipo de coisas, mas nem sempre eles querem/podem responder, e as vezes eles nem sabem também.”
    Resposta mais extensa: Temos toda liberdade para perguntar para eles, e eles têm toda liberdade para ignorarem nossas perguntas, do mesmo modo que temos toda liberdade para reclamar com eles e eles têm toda liberdade de cancelar o contrato e não venderem mais nada para nós, o que é óbvio, afinal, pensou em japonês, pensou em liberdade!

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  13. Talvez a Mara não possa ter sido esculachadora porque o Cassius ficaria com raiva e abandonaria a entrevista, ele justamente me parece um cara que não aguenta críticas muito pesadas.

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  14. Peguei a tradução da JBC do to love-ru pra ler ontem…
    Na página 12 temos um “o papai disse que ía chegar tarde”, com um acento agudo misterioso; na página 9 tem o personagem principal falando que ficou na mesma sala que a menina que ele gosta quando entrou (agora) no ensino fundamental (lembrando que é um mangá voltado pro público masculino…), e na porta da sala deles aparece (1-A), de primeiro ano.
    Não, não é um quadrinho que coloca personagens de 7 anos em situações constrangedoras, mas um erro de tradução, porque na versão em JP aparece “quando entrei no ensino médio”.
    Aí eu desisti de acompanhar, então desperdicei 13,50×2 porque comprei 2 volumes.

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  15. Eu lembro que a Mara tinha comentado, a tempos atrás, que procurou um pessoal pra fazer entrevista, mas o povo não queria / não respondiam os e-mails.
    Acho que ela precisou moderar as coisas senão ninguém topava. =(
    O povo ainda é muito sensível quando tu aperta o calo deles…

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  16. E pensando bem, como comentaram, rola entrevista com o povo da Astral Comics? xD Eles trouxeram uns mangázinhos, de repente…

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  17. “prometo que eles não vão arrancar a sua orelha”
    Agora que ele falou que sabe quando séries vão continuar, é capaz dos fãs arrancarem!

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