Novo mangá da Mônica se aproveita de lacuna ignorada por editoras

Se tem uma coisa que não podemos falar de Maurício de Sousa é que ele não é um bom empresário. Além da proeza de ter feito dinheiro com quadrinhos em um país que está cagando para a leitura e arte, dez anos atrás ele decidiu colocar uns olhões grandes em sua Turma da Mônica para não perder seu público para os mangás. Agora ele ataca com um novo mangá, com selo novo e tudo, chamado Turma da Mônica – Geração 12, e o negócio surpreende.

Há alguns dias, a Maurício de Sousa Produções revelou que lançaria um selo de mangás (que já ganhou pontos por não ser cafona), e a revelação do primeiro título dessa linha aconteceu ontem: a Geração 12 é uma história muito mangá e ambientada num universo diferente, o que permite que se façam coisas diferentes com os personagens.

Com roteiro de Petra Leão e desenho (muito bonito) de Roberta Pares, nessa nova história todo mundo estuda numa escola tecnológica e o mundo vive alguma ameaça aí. Mônica é a típica protagonista de Pretty Cure que é atrapalhadinha, corre atrasada com torrada na boca e que vê sua vida mudar ao encontrar um bicho falante chamado Sansão. A partir daí, ela ganha poderes de uma mahou shoujo.

Por mais que se diga que Turma da Mônica Jovem era um mangá, eu diria que é apenas uma continuação bem óbvia do estilo da Turma da Mônica “normal”. Nem traço e nem temáticas eram tão mangás assim, provavelmente porque o próprio Maurício de Sousa deve pedir para ser desse jeito. O tal do Chico Moço é ainda mais tradicional com o material original. Já com a Geração 12, a autora tem espaço para brincar mais porque né… é um universo paralelo e nem tudo precisa ser igual.

O que chama a atenção, além do roteiro, é o traço bem mais mangá. Dessa vez a Mônica tem aqueles olhões detalhados de shoujo mangá, os demais personagens têm cabelos mais parecidos com o que veríamos numa escola de My Hero Academia, por exemplo. Tudo desenhado por Roberta Pares, que já apareceu aqui nos posts da Ação Magazine.

O golpe de mestre do Maurício de Sousa dessa vez, no entanto, não é ter emulado direitinho os clichês dos mangás. Ao fazer um mangá com protagonistas de 12 anos de idade (os da Turma da Mônica Jovem são mais velhos), ele está olhando para aquela faixa dos 10-13 anos ignorada pelas editoras de mangás, e enxergou nisso um nicho para ganhar dinheiro.

A própria Panini, que publicará esse mangá da Mônica, tem focado seus esforços no shonen de lutinha para adolescentes mais velhos, ignorando a renovação do público. Ou você acha que o público mais novo, que saiu de uma Turma da Mônica, vai pular direto para aqueles seinens psicológicos que os otakinhos adoram? Isso porque nem tô falando que quadrinhos japoneses protagonizados por mulheres são minoria por aqui.

A Geração 12 tem tudo para pegar essa fatia de público importante, mas abandonada pelas demais editoras. E como se trata de um selo de mangá, talvez tenhamos mais títulos da Mônica em universos diferentes para suprir esses buracos no nosso mercado de mangá saturado de shonen de lutinha.

O Turma da Mônica – Geração 12 ainda não saiu nas bancas, mas o volume zero em ebook está disponível na Amazon por zero reais, é só clicar aqui.