Mercado Nacional

A mesa redonda das Editoras de Mangá que virou uma Ceia de Natal

Ao andar pelas ruas à noite, você deve ter reparado numa intermitente alternância de luzinhas. Por mais que pareçam cenas de um episódio proibido de Pokémon, nada mais são que o prelúdio do grande feriado de Natal que está por vir. Sabe? Aquela época linda em que toda a família se reúne para a maior troca de patadas e indiretas de todo o ano! Pera, mas outra coisa também se encaixa nessa mesmíssima descrição: a tradicional mesa redonda dos editores de mangás, que dessa vez rolou no Ressaca Friends 2016 com a presença ilustre de todas as celebridades editoriais. IKIMASU conferir o papel de cada um nessa grande celebração natalina?

BETH KODAMA interpretando A Tia Rica

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A representante da Panini na mesa redonda das editoras encarnou praticamente aquela tia que tem muito dinheiro para se preocupar com assuntos mundanos e sempre faz comentários que acabam demonstrando que ela não tem tantos problemas financeiros quanto os outros. Em um dado momento, ao comentar que ano que vem os impostos devem aumentar, ela disse que não sabe se as outras editoras estão preparadas pra esse evento.

Ao falar sobre a publicidade de One-Punch Man no metrô de São Paulo e na televisão, ela falou sobre as cifras que a Panini Itália aprovou que fosse gasto com o marketing do negócio e fui me afundando na cadeira com aquelas dezenas de milhares de reais sendo falados com a mesma naturalidade que eu digo ter 18 reais na minha carteira. Via-se claramente que por trás da figura imponente de Beth-sama há o stand de uma multinacional poderosíssima.

Em um dos pontos mais polêmicos da ceia, que foi quando o mediador Graveheart perguntou sobre os produtos de luxo, Bethinha se mostrou gente como a gente dizendo embora esteja rolando uma gourmetização do mercado, a Panini vai continuar investido no que faz de melhor: tankos em papel jornal, tankos em offset e títulos que saem dois meses depois do anunciado no checklist (ok, isso eu que incluí).

JUNIOR FONSECA interpretando O Adolescente Que Não Queria Estar Ali

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O papel de adolescente que não queria estar ali é muito fácil de ser interpretado por Junior Fonseca, o editor de mangás da NewPOP que estacionou na aparência dos 20 anos de idade há pelo menos três décadas. E como era de se esperar do papel, ele teve que ouvir durante muito tempo os mais experientes falando como resolviam problemas com suas empresas grandes e médias, enquanto ele se esforçava pra fazer as coisas por conta própria. Basicamente ficou ali no meio do fogo cruzado torcendo para ter uma chance de falar sobre gaems (como seus comics de jogos) ou sobre como o NewPOP Day vem aí com muitas novidades se nenhum carregamento de papel preso no porto atrapalhar seu cronograma.

CASSIUS MEDAUAR interpretando O Tio

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Cassius, o representante da JBC, chegou à mesa redonda com um saco vermelho cheio de presentes caríssimos, como o kanzenban dos Cavs e Ghost in the Shell, mas aí surpreendeu as crianças do palco ao contar que era tudo cenográfico apenas e que ele não iria distribuir os mimos. Contou sobre como a JBC tem decidido anunciar menos coisas para não abarrotar as bancas (e por algum motivo todos os presentes nessa ceia cogitaram a chance ser uma alfinetada de leve a algum outro presente na mesa, que por acaso também prometeu um anúncio).

Cassius também aproveitou para retomar todos os pontos que vimos nos últimos Henshin Online, como foi o caso da qualidade dos mangás, da versão francesa de Akira, adaptação etc. Aliás, ao reclamar sobre como Naoko Takeuchi é uma autora chata pra caralho para aprovar seus mangás, Beth revelou estar no mesmo barco por cuidar do título para a Panini México e então um lindo arco-íris de empatia surgiu entre os dois.

Mas o clima logo passou quando um otaku do público perguntou por que a Panini conseguia fazer coisas com qualidade por um preço e a JBC cobrava mais por uma qualidade parecida. Rolou uma resposta elaborada, mas resumidamente foi algo como “meu filho, a JBC não é uma multinacional pfv“.

DOUGLAS DE SOUZA interpretando Papai Noel

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Após todos nos otacos não nos comportarmos direito durante o ano, o editor da Nova Sampa não deu as caras e nem trouxe Pride – O Supercampeão para salvar o mercado de mangás. Mais sorte ano que vem na próxima mesa redonda.

5 comentários em “A mesa redonda das Editoras de Mangá que virou uma Ceia de Natal

  1. Previsível a ausência da Nova Sampa.
    Eles não iriam ali pra serem espinafrados seja pelos outros editores ou pelo público.
    RIP JENS!

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  2. Que triste

    Pride – O Super Campeão seria o primeiro mangá a incluir personagens com microcefalia e sua superação ao se tornar jogador de futebol

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  3. Interessante é a JBC apostando na gourmetização dos seus mangás (aliás, Ghost in the Shell custando 65 pratas não é pra qualquer um) e fazendo a sua linha de mangás virarem bimestral (To Love-Ru e Boku no Hero) ou semestral (Btoom). Já a Panini é aquela editora que está louca pra dar um chute na bunda da Yamato (assim como fez a livraria Comix) e focar no que interessa e dá retorno, que são as HQ’s da Marvel e DC.
    Quanto ao Ressaca Friends, não vi nada que me interessasse por lá, a não ser o que a Yamato vai colocar no palco daqui a 7 meses no Animefriends.

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  4. não da pra comprar COCA COLA com o Dollynho, meus amigos. nao to falando da qualidade em si, e sim no tamanho da empresa.

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  5. Quem diria; quer dizer que JBC e Panini têm um inimigo em comum? Tinha que ser Naoko Takeuchi e sua vagina demoníaca!

    Em termos de verbas, realmente a Panini põe a JBC (e qualquer outra editora) no bolso. Mas que deve ser frustrante pra Beth saber que o “mangá” de longe mais vendido da Panini é a Turma da Mônica Jovem (o único que ela NÃO edita), ah se deve…

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