Desabafo

Netflix segue como a mais eficiente especuladora de nostalgia do mercado

Assim como uma loja Comix, famosa por adquirir primeiros volumes de mangás já pensando em como vender na casa dos três dígitos quando o negócio esgotar, a Netflix tem se mostrado como uma exímia manipuladora de informações em prol de seu próprio lucro.

Nesse mesmo dia (27), a empresa de streaming causou nas redes sociais com dois anúncios distintos para a otakada: não só ela confirmou o visual da nova série em computação gráfica dos Cavaleiros do Zodíaco como ainda adquiriu a licença MUNDIAL para ter Neon Genesis Evangelion em seu catálogo. Tá, também teve anúncio de Ultraman, mas QUEM LIGA? (tirando a JBC, claro).

Nos últimos tempos tenho notado como o plano de negócios da Netflix tem sido basicamente um trabalho de fomento de hype. Até temos uma ou outra série inédita sendo anunciada, mas tenho a percepção do aumento do número de “remakes” de programas clássicos do passado. Só recentemente tivemos She-Ra e O Mundo Sombrio de Sabrina, duas séries mortas e ressuscitadas pela eficiente curadoria de defuntos. As duas repercutiram não só por suas qualidades como também por incomodarem os fãs de suas contrapartes originais (claro, levando em conta que algum desses homens de 30 anos era verdadeiramente fã de She-Ra no passado). Quanto mais distante do projeto original, mais gente tem siricotico na internet.

Anunciar uma série X não rende buzz na internet, mas ressuscitar um produto morto é uma forma de criar conflito entre gerações, debate nas redes sociais e, claro, publicidade grátis. Pra quê gastar rios de dinheiro colocando propaganda em vídeo do YouTube quando pode-se simplesmente jogar um pôster do Seiya com qualidade de personagem de PS3 e deixar os sites noticiarem como se não houvesse amanhã?

A mesma coisa com Evangelion: o anime nem ao menos está PERTO de chegar ao catálogo, mas o buzz foi criado e, consequentemente, foi dada a largada para os YouTuber produzirem conteúdo sobre o anime da década passada. Imagina quantos vídeos serão feitos nas próximas semanas explicando o final de Evangelion, comentando a série ou fazendo listinha das melhores formas de imaginar Shinji morrendo (eu curto a ideia do empalamento). E o que dizer dos fãs reclamando com a nova geração, discutindo se a pronúncia é Asuka ou Aska… tudo isso é publicidade gratuita sendo que o único esforço da Netflix foi fazer um AMVzinho anunciando nas redes sociais. E aposto que já rendeu mais que um Violet Evergarden, um ilustre desconhecido na fila de entrar no robô se comparar com Evangelion.

A Netflix é extremamente eficiente nessa arte da especulação de nostalgia, e as coisas não devem parar aí. Só tenho medo de que, daqui a dez anos, não tenhamos nenhuma série do tempo presente para ela poder requentar e faturar uma grana.

***

[atualizado na madrugada de 28/11] Algumas horas depois da publicação dessa matéria a Netflix… sim, anunciou maaaaais um projeto envolvendo uma série de anime famosa no passado e com importância história. É a série live action de Cowboy Bebop. O texto inteiro continua funcionando, só acrescento um detalhe à montagem da capa:

25 comentários em “Netflix segue como a mais eficiente especuladora de nostalgia do mercado

  1. [[[[DEBATE]]]] Quem shipa o Kaworo com o pai do Shinji em vez do Shinji e pq???

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  2. Eu quero que alguém pegue Koji, a nova animação do Mir, para produzir. Vou querer assistir o filme do pinoquio em stop motion q ta trabalhando o guilhermo del toro e o criador de over the garden wall e Klaus, um filme em 3d mesclado com animação 2d feito por um cara que trabalhou na disney e várias outras animações que a netflix anunciou. To ansioso pra quando Owl House e Amphibia estrearem ano que vem.

    Bora falar sobre coisa nova gente.

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  3. Melhor estratégia é essa do falem mal, mas falem de mim.
    E como tudo tá polarizado são altas discussões sem fim q n chegam a lugar algum e só serve pra chamar a atenção do desavisado q vai assistir pra fazer parte do grupinho de discussão.

    Enquanto isso nossas midias impressas comenoram lançamento de checklist saindo no mês certo depois de no minimo uns 10 anos de mercado.

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  4. Não fala no agem Mara, daqui 10 anos tem remake de stranher thins, a suicida chata lá e do desenho de aprender falar com travesti de ponto, o futuro tá salvo

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  5. E eu achando que você ia estar em lua de mel mas tá aqui nos atualizando com as melhores críticas otaka da internet

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  6. Disponibilizar clássicos completos e em HD como Evangelion e Cowboy Bebop não é mais que a obrigação mesmo, já a onda de remakes, reboots e continuações eras depois de ter terminado o original é questionável, eu acho que qualquer trabalho pode ser cíclico e ser revitalizado para uma geração inteira, mas confesso que quando uma série, anime ou filme remake é anunciado minha primeira reação é revirar os olhos.

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  7. Esse ciclo de lacre em cima de remakes como no caso de Star Wars, Caça fantasmas e She-Ra so mostra como a imprensa de entretenimento esta decadente. Alias o Amer explica bem isso em seu ultimo podcast: voce e obrigado a aceitar um produto ruim sem criticar e se e rejeitado pelo publico a imprensa que devia ser imparcial o ataca. Tudo por jogo de interesse de panelinhas. Nao tem como confiar.

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  8. @Apo

    1- Ngm aqui ta falando de lacre
    2- Não to surpreso com seu comentário ao ver que vc usa como referencia aquele lixo do podcast do amer

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  9. Se Cowboy Bebop vai ganhar série live action, a Netflix podia ter tentado fazer uma pra Death Note (podia até fazer a mesma transposição dos personagens pros EUA como fizeram no filme), em vez de tentar socar o máximo de referências possíveis num filme só e sair o negócio malfeito que saiu.

    Sobre Cavaleiros do Zodíaco, queria entender como isso continua ganhando animações, jogos de videogame e afins… o sucesso fora do Japão é tão grande assim? Porque dentro do Japão a informação que eu tenho é que Saint Seiya nem é grande coisa perto dos maiores sucessos da Shonen Jump.

    Mas enfim, se o reboot em 3D ficar legal (é reboot, né? Porque titio Kurumada já mostrou que qualquer história fora do mangá original é uma bela bosta), tá valendo. O reboot da She-Ra, por exemplo, ficou surpreendentemente bom (sim, eu gostava do desenho dos anos 80; sim, ele ainda tem seu charme, mas nem por isso eu vou dizer que o desenho novo ficou ruim, porque não ficou – torço pro He-Man ganhar um nessa mesma linha).

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  10. Mas enfim, sobre a reflexão da Mara, acho que isso é uma questão de ciclos. De tempos em tempos as empresas de entretenimento (não só o Netflix) apelam pra nostalgia reinventando obras antigas, quando a criatividade tá em baixa. Depois de um tempo, surgem trabalhos originais e de qualidade, que anos depois serão reinventados no mesmo ciclo.

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  11. Nao tenho nada contra a cantora. Nem do comentarista que se entitula com o nome desta.

    Somente nao me espanta essa atitude das pessoas do bem.

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  12. Se eu me lembro bem, tem um Live Action japones que a Toei esta desenvolvendo, e adivinha… e sobre Cavaleiros do Zodiaco.
    Ai a Netflix vai la e compra os direitos qualquer dia desses e o povo fala… “qm#e%a!”. (normal… rsrs)

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  13. Quanta besteira… Primeiro, criticar a Netflix por fazer lançamentos de coisa velha para ter buzz e o MDM cair na armadilha e fazer a propaganda também e ainda com tom arrogante tentando explicar pra todo mundo que é só um jeito de fazer os burros correrem com a novidade! Se juntou aos tolos, minha filha! Você não assina a Netflix senão veria que tem série nova todo dia! De todo mundo. E é óbvio que clássicos têm milhares de fãs dãaaaaaaaaaa Desculpa aí, mas na Netflix ninguém é obrigado a assistir as tralhas velhas…E o que tem de errado em uma empresa querer dinheiro? Só otaku burro como vc que fica fazendo matéria pra não ganhar nada!

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  14. Na verdade, a Netflix investe em MUITA coisa inédita sim. Só que a grande maioria não ganha tanta repercussão quanto as produções que já possuem base de fãs, por motivos óbvios. Salvo algumas exceções, claro. Mas isso não muda o fato de que a Netflix tem muita série/filme bom e inédito. Muito provavelmente mais do quê a quantidade de remakes que acabam fazendo muito barulho por já serem franquias consagradas.

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