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Zodiacon foi o Fyre Festival dos fãs de Cavaleiros do Zodíaco

Atraídos para um idílico local na Liberdade com o intuito de comemorar os 25 anos da estreia de um dos mais cultuados desenhos animados japoneses aqui no Brasil, diversos fãs de Cavaleiros do Zodíaco foram expostos à fome, tédio e à dublagem realizada nos anos 90 pela Gota Mágica. O Zodiacon aconteceu neste último final de semana, mas boa parte do público presente gostaria de fingir que aquilo nunca aconteceu. Claro, seria muita inocência achar que o evento seria lançado com o porte de um Anime Friends, mas ninguém esperava que fosse chegar ao nível de uma exibição de VHS realizada nos anos 90 em salas de vídeo de bibliotecas municipais.

O Zodiacon surgiu na mídia há mais ou menos dois meses, sendo anunciado pelo Site dos Cavs (e sabemos que eles apoiam até mesmo retirada de caçamba de lixo da rua se tiver qualquer coisa de Seiya no meio). Segundo o release, teríamos o maior evento da série de Masami Kurumada, um grande acontecimento que uniria todas as tribos e pessoas envolvidas no sucesso dessa série nas últimas décadas. Até inscrevi o Mais de Oito Mil para fazer cobertura de imprensa, mas nunca obtive resposta dos organizadores e não pude comparecer à festa. Felizmente conto com relatos em redes sociais e fontes que estavam lá e preferem não ser identificadas (a elas, darei o nome de personagens importantes de Cavaleiros).

Resumindo tudo… o evento foi uma bagunça.

Foi prometido aos compradores de ingressos antecipados uma série de brindes exclusivos como adesivos e camisetas, teve quem ficasse sem alguns itens. Daichi da Terra (nome fictício), que esteve presente somente no sábado, comentou que veio de longe e recebeu uma camiseta de um tamanho diferente do previsto. Já para o Cavaleiro de Golfinho (nome fictício), o pior do evento foi a falta de atrações. “Não tinha nada para fazer por lá a não ser ver uma coleção de itens e acompanhar as atrações no palco, que mudavam de hora sem qualquer aviso“. Algumas atividades, como o concurso cosplay, chegaram a ser adiantadas em duas horas para tapar buraco. Para Belzebu de Serafim (nome fictício), faltaram itens básicos na hora de se realizar um evento: não tinha nem uma lanchonete para os fãs do zodíaco petiscarem entre um cancelamento de atração e outro.

Uma das grandes promessas foi a reunião do maior número possível de dubladores de todas as fases, mas isso também não ocorreu. Dos 6 dubladores dos Cavaleiros de Ouro previstos, somente 3 deram as caras… e olha que um deles é o Mauro Castro, que dublou o Camus em um anime que nunca foi lançado no Brasil. Vários outros dubladores deram um bolo no Zodiacon por motivos que desconhecemos, e os que foram ainda precisaram lidar com a desorganização na hora de conversar com os fãs. Francisco Bretas, dublador do Hyoga, usou as redes sociais para mostrar seu descontentamento com a organização.

Tudo isso nos leva a crer que o Zodiacon foi o Fyre Festival dos otakus. Este, caso você não conheça, foi um megaevento organizado nas Bahamas, com ingressos a preços exorbitantes, e quando as pessoas chegaram lá não havia a menor condição de realizar nem um bingo de quermesse. Até hoje as pessoas estão na justiça para recuperar um pouco da dignidade perdida nessa festa.

Após a sucessão de fracassos, a organização da Zodiacon precisou se pronunciar nas redes sociais. Colocou a serviço do público dois e-mais criados no Gmail para que as pessoas lesadas entrem em contato para conseguir os brindes ou ressarcimento, e a empresa adiou indefinidamente o evento que aconteceria em 15 dias na cidade de Poços de Caldas (MG). O Site dos Cavs, que sempre reforçou apoio ao evento em suas postagens, também lançou comunicados oficiais explicando que nada tinha a ver com o negócio.

Eu tinha uma ideia bem específica quando solicitei minha credencial de imprensa para o Zodiacon. Por motivos de jovialidade sem critérios, eu estive no Cavaleiros Anime Show que aconteceu em 2003 nesse mesmo Palácio dos Trabalhadores na Liberdade. O evento foi feito para comemorar o retorno de Cavaleiros à televisão com uma nova dublagem e teve o apoio de diversas empresas oficiais: até mesmo o Cartoon Network deu as caras para exibir com exclusividade uma prévia de 5 capítulos redublados do anime.

Meu plano original era comparar o que aconteceu com a marca nesses 16 anos, e no fim o Zodiacon revelou um pouco como a franquia tem sido tratada nos últimos anos: com desorganização, sem apoio de empresas e com fãs e sites de fãs embarcando cegamente em qualquer promessa de evento.

Pelo menos podemos nos divertir com este vídeo hilário:

18 comentários em “Zodiacon foi o Fyre Festival dos fãs de Cavaleiros do Zodíaco

  1. 1. O Francisco Bretas, como sempre muito educado. É um dos poucos que eu gosto.

    2. Os fãããs(sic-sci-fi) de saint seiya, sao a platéia que “tem o artista que merecem”.

    3. Joãozinho-sem-braço do site cavz né? “Nao, a gente não temos nada con isto, non!”

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  2. Eventos baseados no mundo otaku sempre foi assim, só que hoje tem gente passando pano de ambos os lados. Depende de qual lado seu interesse serve.

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  3. Falsas informações da processo,direito de imagens sem consentimento da processo,falso testemunho da processo. Só se pode falar alguma coisa quem estava la,teve gente que não tinha direito aos kits,e por safadeza se trocavam credencial,para credencial,para credencial para pessoa possa pegar o kit,isso ninguém . . Nao,eu vi,depoimento do Dublado na foi totalmente honesto,e o contou exatamente exatamente verdade.e , e e legal.entao cuidado com que postam , procure saber o outro lado tbm da história tambem.

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  4. Achei um organizador do evento falando merda aqui em cima. China, não tente se esconder. Começa escrevendo um português direito, depois aprende a fazer um evento decente e aprende também a respeitar quem apura as merdas que vocês fizeram.

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  5. Eu estava lá e foi assim mesmo! Pura desrespeito ao fã, quando o Arthur viu que não tinha mais o que fazer, os fãs inconformados, ele nos levou pro subsolo. Muitos foram de longe para ficar naquele evento mais que mal organizado. Eu cheguei e fiquei rodando quasr meia hora, pois não sabia que era em dois espaços. Não havia nada informando, e nem atrações. E o povo que veio de longe? Isso ninguém pensa, né?

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  6. Fiquei sabendo sobre o evento vendo o código promocional no canal Katsu X. Qual não foi minha expectativa? Eu que não tive interesse em ir às convenções renomadas, fiquei super empolgado ao ver que teria a possibilidade de conhecer o grande Gilberto Baroli. Todos os outros também, claro. Letícia Quinto, Élcio Sodré, Francisco Bretas. Nesses 25 anos de Cavaleiros na Manchete, foi essa elenco da Gota Mágica (posteriormente Álamo e Dubrasil) que fez muitos de nós conhecermos os artistas por nome e valorizar aquele trabalho. Decidi comprar de cara: credencial Big Bang! Ter acesso a tudo que tivesse direito ao mesmo tempo incentivando tal ação a ocorrer de novo. O sábado pareceu promissor, vi de longe, as dez da manhã um jovem Hyoga de cisne. Gosto quando o cosplay já chega ao evento agindo o personagem. (Imagino fosse Ronaldo seu nome). Rapaz divertido, contava na fila histórias sobre como tinha aproveitado o sono de Athena para levar seu báculo. Enquanto se via alguns calculando ascendentes, os minutos passavam. O atraso foi encarado com bom humor “talvez precisemos absorver os raios solares e entrar porta a dentro!”. Ah! As referências, Capitão América estaria orgulhoso (antes que perguntem a razão de colocar a Marvel no meio do santuário, lá na frente fará sentido).
    Quando finalmente pudemos entrar, houve alguma bagunça com credenciais (recebi a minha mas em momento algum o seu QR foi bipado, por exemplo) o importante era entrar: o térreo parecia promissor, o @woodxguitar desfilava vários sucessos, Pegasus Fantasy, Soldier Dream. O ponto mais alto foi quando chegou um pequeno Seiya com a caixa da armadura nas costas e ficou a dançar ao som da guitarra. Nem o próprio Saga, do alto de seus galácticos grisalhos diria algo contra. Ao fundo um artists alley com versões, mangas, sketches. Boa para os futuros mangakás brasileiros. Também havia um acervo pessoal de obras do Kurumada, sorte do colecionador. Mas era interessante olhar, fiquei me perguntando a que momento alguém viria para comentar o que fosse. Mas… Nada.
    Não haviam indicações precisas do que ocorreria no primeiro andar, então o fã ia tateando às cegas pela escadaria (ao fim de uma escada, nem mesmo uma decoração como fosse a casa de Áries, o simples, fãs de cavaleiros sabem apreciar uma boa e velha escadaria). A programação dizia que as 10h começariam as exibições dos filmes na dublagem clássica mas já passava muito e não parecia haver sinal. A palestra sobre Saint Seiya Online também não agregou muito, a maior parte dos presentes conhece as diferenças entre o mangá e o anime, e por mais a história seja cíclica, contar spoilers do jogo também tirou um pouco a graça.
    Quando finalmente pudemos assistir À Grande Batalha dos Deuses, qual não foi a surpresa ao ser apenas a exibição de um vídeo do YouTube (isso mesmo, não houve nem o trabalho de obter um .MKV HD!) mas o público tentava se satisfazer revendo a pose de deboche de Seiya ante os guerreiros deuses. Falando em dublagem Gota Mágica, como é bom ouvir Carlos Campanile como Durval. A questão é que todos já viram e não havia nenhuma reverência a forma como o material era apresentado. Antes de a armadura de sagitário surgir, os alto falantes comentam que os kits estão disponíveis. Isso mesmo, o desrespeito não era apenas com quem estava presente, com quem tinha se deslocado para a comemoração, era com a própria obra (!). Não custa esperar um vídeo acabar. Se a internet tivesse caído, o programa tinha acabado? As horas foram passando e nada de palestras ou dubladores. Era preciso se contentar com episódios de Lost Canvas. Bela animação, bom trabalho de dublagem mas… Sério? Eventualmente chegou ao ponto do concurso de Cosplay e foi bem legal. Revi o Hyoga da fila, vi um Poseidon que tinha realmente aura divina e, confesso, vi uma Shun que me fez pensar que a mudança era bem-vinda. Os cosplayers pareciam se divertir muito, as poses, as fotos, a sensação de ser um personagem querido é muito forte e eu (que já tive meus tempos como Joker há uns onze anos) fiquei contente em poder bater palmas para cada um ali. O prêmio maior era poder ser prestigiado. Mais uma vez parabéns a todos os cosplayers (até para o pequeno Harry Potter que se meteu no evento).
    Faltava o principal: palestras e dubladores. Em algum ponto da história, talvez até antes do desfile, o organizador apareceu e pediu desculpas, aí entra o que eu falei: estava lá com a camiseta da Marvel! (Nada contra, vi Ultimato três vezes no cinema) quando o próprio organizador não ‘veste a camisa’ de seu evento, você percebe que algo de errado não está certo. Houve uma falha no planejamento, ele concentrou tudo sozinho e dificultou a entrega, coisas saíram foram do controle. Até aí, tudo bem. Finalmente Ulisses Bezerra, Letícia Quinto e Élcio Sodré subiram ao palco. Não houve tempo para palestras e eles não poderiam ficar muito tempo, o Élcio tinha um avião para pegar, sabemos quão exigente é a profissão. Ao menos quem estava lá poderia pegar o autógrafo da Saori e o Shun. Ou isso era sonhar demais? Sabe quando você está zapeando a tv a cabo e, de repente, passam para o filme seguinte? “Por premissa de tempo passamos à frente em nossa programação”. Foi bem isso que aconteceu. A Letícia muito educadamente explicou que não poderiam atender a todos e iam delimitar um ponto x na fila. Pude sentir Athena falando comigo, aqueles momentos em que a deusa fala algo e todos os cavaleiros se prostam a ouvir. Algo nessa linha. Eu nem tinha levantado, um cosplay de grande mestre chegou, mas era tarde demais para ele. Ao menos conseguiu algumas fotos com fãs. Élcio, baita profissional que é, levantou e gritou seu característico CÓLERA DO DRAGÃO! Todo o santuário tremeu: o Shiryu, amigo.
    A questão é que já passava das 17h. A programação seguiria. O organizador pedia para que as pessoas se apressassem em pegar seus autógrafos, era só um sem tempo de foto. Quem pagou para o privilégio de conhecer os profissionais não pode. Então quando um soldado gritou “quero o meu dinheiro de volta” e ouviu a contraproposta de devolver todos os benefícios em troca, entendo a raiva. O cosmo dele estava borbulhando em nome da justiça. De que não havia como o poster A3 ser controlado, de que faltava o carregador personalizado, faltavam os adesivos, faltavam palestras, vídeos, autógrafos. A reunião dos cavaleiros de Athena se mostrou mais decepcionante que vilão de seriado que aparece para morrer com um báculo no peito. Saí do local sem nem ao menos saber se o show chegou a se concretizar. O aluguel do palácio do trabalhador custava tanto assim? Depois do fiasco, alguém terá coragem de usar a camiseta do evento? Já era tarde demais. A ver três horas de vídeo do YouTube, podia ver em casa. Amizades se firmaram, diversos se reuniram, tudo em nome de Athena. Mas a que preço? R$180? Tomara que tenha valido a pena para quem embolsou. Não me dei ao trabalho de retornar no dia seguinte.

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  7. Isso é só mais um exemplo de que CDZ já cansou (até mesmo para os velhos fãs, como eu). Eu tenho costume de falar que esse anime não é “ruim”, o que estraga é esses fã-clubes que vivem de nostalgia cega e doentia pela série!

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  8. Yahahahahahaha!!! Carai como q oe carasse prestam a fazer uma zona dessa ? Po se n dava pra organizar certinho , marcava o evento pra uma data onde tudo estivesse realmente organizado.

    E interessante ver como uma obra querida aqui no Brasil q poderia dar um lucro maneiro é tratado de qualquer maneira… Realmente é foda…

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  9. Fico triste pelos que saíram de longe e não conseguiram os autógrafos do primeiro dia e curtir a programação estabelecida, é totalmente compreensível, em contrapartida, eu e meu filho de 7 anos saímos da cidade de Mogi das Cruzes e conseguimos os autógrafos de todos os dubladores e cantamos e pulamos junto ao público presente no show do Will Kawamura. Não me arrependo dos gastos e nem do meu tempo. Aproveitei como pude e foram dois de alguns dos mais maravilhosos de nossas vidas, aliás da minha com 33 anos. CDZ foi e é um divisor de águas em minha vida (motivos pessoais tristes) e o Zodiacon me proporcionou estar com meus ídolos. Claramente o domingo foi superior ao sábado. O meu kit Big Bang será encaminhado via Correios e estamos em um canal direto para isso. Que tudo se resolva aos que se sentiram lesados.

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  10. tudo real… Evento foi um fiasco, enganação total aos fãs que acreditaram e compraram ingresso… FOMOS ENGANADOS, venderam como o maior evento do brasil, mas era só um encontrinho de fãs…

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  11. Evento foi uma droga, ai fica um monte de gente querendo passar pano para o organizador só podem estar levando uma grana para defender uma porcaria dessas.

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  12. Dona Mara, valeu pela dica sobre o “Fyre Festival”! Não tinha ouvido falar dessa história e fiquei impressionado com os extremos a que pode ir a vontade de passar a perna em alguém…!

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