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Henshin+ 2016, o talk-show que virou Casos de Família Otaku

Há algumas semanas rolou o lançamento de One Punch Man da Panini numa FNAC de São Paulo. O evento aconteceu num auditório insalubre e quente, mas foi considerado um sucesso porque, né… o fator One Punch Man deu um soco nos muitos pontos negativos daquela prova de resistência no formato de palestra. Sendo assim, o que Cassius Medauar e sua trupe de guerreiros dessa nave louca da JBC poderiam preparar para a edição 2016 do Henshin+? Simples, um elegantérrimo talk-show.

talk-show-do-cassius

Após a entrada da imprensa, liberada por um funcionário muito gato da JBC e que só citei na matéria porque quero que ele me note, o público pôde ocupar os espaços do auditório da Saraiva Mega Store do Shopping Center Norte (aquele que tinha um problema de gases e podia explodir a qualquer momento, lembram?). Completamente inspirado nos talk shows americanos e, principalmente, no Programa do Jô, vimos um sexteto tocando músicas de anime, um espaço para os convidados da tarde, uma plateia composta por universitários que gritam loucamente quando falam o nome de suas faculdades e ele, sim, o homem Cassius Medauar pronto para comandar uma série de três palestras sem nem imaginar que algumas coisas sairiam deliciosamente fora do previsto e que seu tão elegante talk-show se transformaria na versão otaka do Casos de Família.

Duvida? Vamos aos temas então deste que é o nosso novo point vespertino:

BARRACO #01

henshinmais2016-01

A primeira palestra da tarde foi sobre Ficção Científica, e os convidados especiais eram Paulo Gustavo e Marcelo Campos.

paul-marcelo

Infelizmente não estava falando nem do ator discreto fora-do-meio e muito menos do dublador gostoso que faz o Edward Elric, e sim um cara aí especializado na área de ficção científica e o primeiro brasileiro que desenhou para a DC comics. Só que a mesa que era nada mais nada menos que fazer um grande jabazão de Knights of Sidonia acabou se desvirtuando e virou um show de stand-up próprio de Paulo Gustavo.

Até aí tudo bem (?), o problema é que o especialista nostalgista (daqueles que dizem que tudo do passado que era bom) pegou uma das maiores características do stand-up brasileiro que é o humor opressivo disfarçado de opinião própria e deu uma declaração ultra infeliz de transfobia. Resumindo, ele insinuou que as irmãs Wachowski deveriam ter apanhado dos pais pra não serem assim.

A frase foi tão inadequada que até mesmo Marcelo Del Greco e Cassius Medauar (representantes oficiais dos comentários homofóbicos envolvendo São Paulinos e frases machistinhas) se incomodaram e tentaram sair do assunto. Mas aí o estrago já estava feito e a Internet foi tomada por críticas feitas nas redes sociais escritas ASSIM COM O JEITINHO DA XUXA.

convidado-mala-henshin

Algum tempo depois da palestra, Cassius pegou o microfone e disse que a JBC não se responsabiliza pelos comentários feitos pelos convidados, e que a JBC repudia qualquer tipo de preconceito. Preciso dar o parabéns para a editora por ter se posicionado dessa forma, e até mesmo tivemos bem poucas piadinhas machistas e homofóbicas vindas dos editores da JBC (o que é um avanço). Ainda há muito o que fazer e haviam outras formas de lidar com o problema da transfobia mais imediatamente, mas eu queria levantar é uma outra pergunta… Por que tantos otakus riram da declaração transfóbica?

O clima do post pesou, né? Vamos voltar aos barracos porque o talk-show do Cassius encarou outros problemas como:

Barraco #2

henshinmais2016-02

Em outro momento da palestra, Cassius com muito orgulho anunciou que Tsutomu Nihei, autor de Knights of Sidonia, havia gravado um vídeo exclusivo para o Burajiru. Na hora não demos muita importância porque… né… tamos de boa de ouvir coisas como “estou contente por meu mangá ser publicado numa cultura tão distante” e “espero que gostem da minha história como eu gosto de fazê-la“.

Acontece, caros leitores, que Tsutomu é praticamente a versão japonesa da Gloria Pires comentando o Oscar, e deu A MELHOR ENTREVISTA COM CELEBRIDADE DA GRANDE NAÇÃO JAPONESA! Confira esses momentos maravilhosos:

tsutomu-01

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Não sei se tô mais apaixonada pela humilhação gratuita ou pela rispidez, mas esse autor de cabeça raspada já tem um espaço garantido no meu kokoro. Vou até ler Sidonia agora.

Como se já não bastasse ser trollado por um convidado por vídeo, Medauar ainda teve que ouvir o convidado Kaji Pato (do mangá nacional Quack que é muito bom e vocês deveriam ler) citando Hokuto no Ken no palco. Impagável.

Barraco #03

henshinmais2016-03

Começou a palestra da JBC que teve altos índices de piadas internas de firma e até mesmo uma retrospectiva com todo o staff da editora dançando com tankos sob a ameaça de perderem o VR caso não gravassem esse mico. E em meio a tentativas de piadas e mais enrolação, Cassius e seus amigos anunciaram dois lançamentos que nenhum site que vaza notícias havia divulgado: Sakura Wars (baseado naquela visual novel de Saturn e no anime que o Cartoon escondeu nas tardes) e o ~inesperado~ Santia Shô. Este, para quem não sabe, é maaaais um mangá dos Cavs, só que tem uma protagonista feminina. Ok, Cavs é bem insuportável, mas puxado MESMO foi a forma como eles arranjaram de anunciar esse mangá:

karaoke-henshin

Deixa eu ver se a otaka aqui entendeu!

Enquanto a imprensa especializada (pff) estava putíssima porque eles precisaram deixar na gaveta do publicador as notinhas já escritas do anúncio de Hokuto no Ken e outros, Cassius Medauar e os outros tomaram o espaço musical da banda e arriscaram cantar Pegasus Fantasy enquanto o vocalista oficial do evento era deixado de lado mais avulso que fitinha de braço do AF pós-evento.

MARAVILHOSO!

***

Basicamente esse foi o evento da JBC. Claro que também rolou o anúncio do serviço de mangás online Henshin Drive (que ainda vou falar melhor em algum post), uma misteriosa pergunta querendo saber qual era o nível de francês do editor de conteúdo, uma declaração que Cassius é contra vazamentos que não são conseguidos de forma investigativa e até mesmo rolou a explicação que todos queríamos saber sobre o selo Ink. Se segurem nas cadeiras: ele era pra ser um selo para coisas alternativas, mas aí com a ~crise~ eles deixaram isso em stand by e começaram a lançar mangás ~diferenciados~ porque é muito burocrático criar maaaais um selo, então o Ink acabou virando algo como o selo Vertigo e vale pra tudo mesmo.

Obrigada por me aguentarem até aqui, cliquem no joinha, compartilhem esse vídeo e voltamos semana que vem com um tutorial para fazer as unhas inspirada em Minecraft!

24 comentários em “Henshin+ 2016, o talk-show que virou Casos de Família Otaku

  1. Talvez tenha sido engraçado a resposta do autor de Sidonia, mas foi cuzisse esse “não” seco estilo Hideaki Kamiya pra responder a pergunta sobre brasileiros que querem fazer mangás 3:

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  2. Interessante isso sobre o tal “Henshin Drive”, para vender mangás online em formato digital, parece que finalmente eles estão vendo o potencial do mercado de venda de literatura online. Pena que de um ano pra cá foi percebido que apostar no mercado de venda de livros digitais é uma grande furada, esses dias mesmo saiu esta notícia sobre isso: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/04/1759174-mercado-de-livros-digitais-nao-decola-no-brasil-e-estagna-nos-eua-e-europa.shtml

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  3. Tava pensando aqui, pra que o Henshin Drive? Não seria mais fácil mandar os mangás em formato digital pro Social Comics? Aliás, já tem uns mangás nacionais da JBC lá, como a série antiga dos Combo Rangers, por exemplo.
    Além disso, tem outros apps / sites pra leitura de HQ online.

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  4. Nada de novo na palestra. Nada surpreendente.
    Única coisa surpreendente é a Mara achar aquele dublador gostoso. Mara vc é míope?

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  5. Fiquei esperando o Del greco anunciar o livro dele, Como eu quase fali duas editoras, decepção, perderam uma ótima oportunidade de lançar esse material.

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  6. Uma palestra pra divulgar o putrefato mercado de mangás atual virou algo de praxe praticamente. A entrevista do autor de Sodomia só mostra o quanto os ocidentais se preocupam com o mercado daqui.

    Agora quanto esse lance de piadas com um grupo e a “fobiazação” do troço me entristece ver o politicamente encruado nos dias atuais.

    Antigamente quem se sentia ofendido movia um processo e tal sem ativismo porque se doía por se identificar com a situação e nem precisava de ativismo pra isso, e também ninguém ligava era humor e humor é assim.

    Agora todo mundo se dói e cria esse solidarismo hipócrita pras minorias.

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  7. Esses otakus que pagam de intelectuais e acham Hnk a última bolacha do pacote, simplesmente não entendem nada de mangás, só podiam ser fãs de Hokuto no Ken msm, esperar o quê mais?

    O problema nem é KnK e sim a fanbase brasileira, que passa a impressão de serem fãs frustrados ou algo do tipo, Kenshiro teria vergonha desta fanbase.

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  8. @Apo Vdd, deveria ser como na época que o Marcelo Del Greco colocou o Xoxoto pra correr, antigamente resolvia as coisas no mano-a-mano.

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  9. Gente chorando pelo o não anúncio de Hokuto no Ken e no msm final de semana a Panini confirma o relançamento de Lobo Solitário. Aí eu pergunto: Quem é Hnk na fila do pão perto de Lobo Solitário?

    Esses otakus que pagam de intelectuais e acham Hnk a última bolacha do pacote, simplesmente não entendem nada de mangás, só podiam ser fãs de Hokuto no Ken msm, esperar o quê mais?

    O problema nem é KnK e sim a fanbase brasileira, que passa a impressão de serem fãs frustrados ou algo do tipo, Kenshiro teria vergonha desta fanbase.

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  10. Bela cobertura pra variar, mas precisava dizer:
    “Por que tantos otakus riram da declaração transfóbica?”
    Porque acharam que era a hora de dar a risada de seriado. Otaku lá sabe quem são as irmãs Wachowski? Os mais cultos sabem quem são as irmãs Minami, a maioria só sabe quem são os irmãos Elric mesmo. Nem esquentaria. No mais, parabéns à JBC pelo progresso milimétrico, né?

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  11. @Apo, chora meu filho, ninguém é obrigado a ouvir essas bostas e ficar calado não, povo reclama e vai reclamar mesmo, fica na tua, você não tem nada com isso, fica caladinho, otakinho bosta. Bom mesmo era quando vocês podiam falar essas merdas sem ninguém reclamar, né? Otako lixo.

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