Mercado Nacional

NewPOP, monopólio de distribuição e comparações com o namoro que você não tem

Bem, nessa altura do rolê você já deve saber que a NewPOP soltou uma bomba ontem enquanto a JBC achava que estava abafando ao anunciar Knights of Sidonia semanas depois do Jbox. Enfim, se você não sabe o que foi, recomendo esse link do Jbox mesmo, afinal eles são acionistas majoritários do Mais de Oito Mil e assumirão este blog se as ameaças de morte das gothic lolitas se realizarem.

Resumindo para você que não clicou no link que eu dei, a NewPOP anunciou o fim da distribuição dos mangás em banca. No anúncio divulgado no email que não foi enviado para euzinha (ouviu, sr Junior Fonseca???), a editora conta que tá foda viver com distribuição em banca  porque tem estabelecimento que nem bota as coisas na prateleira e rola muita perda de volumes no transporte e na exposição. Assim, eles vão atender apenas livrarias, comic shops e trocentos sites de Internet. Mas ainda vai ter um ou outro mangá que vai pra banca, provavelmente os mais populares.

Pela reação das pessoas, tivemos mixed feelings. Houve quem tenha dito que isso é um passo revolucionário na indústria dos mangás do Burajiru, pois estamos nos aproximando dos mercados estrangeiros que em nada depende de bancas. Também tem quem disse que só compra mangá em banca e que não tem nenhuma livraria e que não vai mais adquirir títulos da editora por causa disso.

Aposto que boa parte dos leitores entrou aqui para saber o que eu ia falar sobre o caso, se iria apoiar ou zoar a iniciativa. Bem, minha bola de cristal deu uma quebrada depois da vez que previ o fracasso do Jogo Justo, então a melhor coisa que faço é ficar esperando pra ver no que vai dar. No lugar de fazer isso, gostaria de comentar como essa situação lembra muito um final de namoro.

newpopday-05

Talvez você otaku não saiba, mas no mundo normal pessoas se relacionam com pessoas de verdade e, ocasionalmente, o negócio chega ao fim de várias maneiras trágicas possíveis. Quando isso acontece, normalmente uma pessoa posta no Facebook aquela indiretona através de músicas ou então de fotos em balada, isso quando não vai além e faz um textão dizendo como a vida será diferente daqui pra frente. E o email que a NewPOP enviou para quase todo mundo menos eu nada mais é que uma grande indiretona para a pessoa que fazia o relacionamento ser abusivo: a distribuidora.

Aqui no Burajiru temos praticamente um monopólio de distribuição, com uma empresa que não se importa muito em fazer um serviço decente e justo porque… bem… é um monopólio. Boa parte do dinheiro de capa fica com a empresa de distribuição que já não é aquelas coisas, o que encarece o produto. O preço de capa de mangá não cobre apenas o valor do papel offset transparente, a licença superfaturada em dólar e o papel higiênico de folha dupla no banheiro da editora, mas também o lucro da distribuidora. Sem esse entrave, a NewPOP pode competir melhor no mercado sem precisar diminuir gramatura do papel ou aumentar preço. Romper com esse namoro abusivo com certeza foi difícil, mas uma coisa é certa: ou vai fazer bem para o nosso mercado ou vai fazer mal. Se a editora for bem sucedida, pode ser um primeiro passo para a Panini e a JBC pensarem na mesma saída. Caso contrário, todas elas ainda estarão presas à distribuição (sim, a distribuidora é poligâmica).

Vamos aguardar novos capítulos desse término de namoro, com direito a snaps da NewPOP na balada tomando Mupy com energético ao som de músicas de fossa:

29 comentários em “NewPOP, monopólio de distribuição e comparações com o namoro que você não tem

  1. Vamos ver no que vai dar. Pode ser que ate diminua o preço de capa, mas ai essa diferença sera paga em frete, entao nao sei o que poderá acontecer

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  2. “Talvez você otaku não saiba, mas no mundo normal pessoas se relacionam com pessoas de verdade e, ocasionalmente, o negócio chega ao fim de várias maneiras trágicas possíveis.”

    Amo esse blog

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  3. samurandre, eles podem optar por envio, se for no correios, usando o registro módico. Um mangá como, por exemplo, Lost Canvas o envio pode sair em torno de menos de 5 reais (um unico volume, claro).
    Tanto q eh ele q os fanzineiros usam qnd enviam seu material, por que acham q muito conseguem fechar um preço com frete?
    E o Registro módico pode ser feito por CNPJ tbm. A NewPop só terá de investir na logística própria.
    http://www.correios.com.br/para-voce/correios-de-a-a-z/registro
    Aqui uma explicação mais explorada: http://www.incontrolaveispalavras.com.br/2014/08/registro-modico-enviando-livros-pelos.html

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  4. Ninguém aguenta mais o xeique árabe da distribuição de pacotes que faz a gente de concubina e fode a gente toda vez que a gente precisa dele.
    Espero que a iniciativa da New Pop dê certo e que as editoras consigam se livrar desse carma.

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  5. Já tem editora por aí que não manda mais coisa pra banca. Só quem manda ainda é a Abril, porque, bem… a distribuidora é dela, Panini, por ser amigona da Abril e a JBC.
    Ouvi falar também que o fim dos pacotes de revistas do tipo “compre dois, leve três” acabou por exigência da distribuidora. E certamente deve ter mais lodo nessa relação do que com os políticos de Brasília

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  6. “Talvez você otaku não saiba, mas no mundo normal pessoas se relacionam com pessoas de verdade”

    Ai, mara, um dia você me mata SOS

    Nesse caso em específico, pra mim não faz muita diferença, já que só compro New Pop pela net. Espero q dê certo

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  7. Red, basicamente só tem uma empresa que faz distribuição nas bancas no Brasil, o que deixa as editoras sem opção se não aceitar o serviço/preço dela ou parar os envios nas bancas (como a NewPOP tá fazendo).

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  8. Ah, então é uma distribuidora privada? Pensei que fosse algum serviço personalizado para empresas dos Correios do Burajiru.
    Errei rude, mas tanto faz. Ambos são péssimos.

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  9. @ RED: Existiam, a algum tempo, a Dinap ( distribuidora nacional de publicações ) e a FC ( Fernando Chinaglia distribuidora ). O DINAP normalmente tinha normas rígidas de quais publicações entravam, sendo que boa parte das coisas da Editora Abril entrava nele, porque né?
    Então a FC tratava de distribuir tudo que a Dinap não distribuia.
    Isso durou até 2007, quando o Dinap comprou a FC e veio a Treelog.
    Aqui: http://observatoriodaimprensa.com.br/caderno-da-cidadania/grupo_abril_detem_monopolio_na_distribuicao_de_revistas/

    O CADE só liberou a fusão 2 anos depois, em 2009:
    http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,cade-impoe-restricoes-a-fusao-dinapchinaglia,425305

    Contando isso, teve também o fechamento da distribuição do grupo Estado em 2012 que atendia principalmente em SP.
    http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/grupo-estado-encerra-distribuicao-de-revistas

    Site da Tree log é esse: http://www.treelog.com.br/

    Eu acho que se a distribuição tá dando mais trabalho do que ajudando tem mais é que romper, sim!

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  10. @Halan

    Hur dur, babacão. Nem deve saber como é o catálogo e tá aí falando merda. Vai capinar um mato, vai.

    @Joao gordo

    Eu e um monte de gente. Só gente babaca gosta de ver mercado limitado por duas editoras de mangás incompetentes.

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  11. Certo eles, todo mundo sabe que banca só existe hoje em dia para vender apostila daqueles concursos públicos em que você NÃO VAI PASSAR, AH MAS NÃO VAI PASSAR MESMO!!!

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  12. Sr. Fool tá até eu acredito sim nesse problema de distribuição de quadrinhos. Mas vamos lá a cá não tem nenhuma iniciativa pra trazer novos leitores pra esse formato de quadrinhos. Enquanto os ocidentais investem pra caramba em seus personagens em outras mídias afim de cair no gosto da massa, os Orientais encontraram-se com uma resistência maior e ainda encontram, só que a respeito não fizeram nada entregaram suas obras a distribuidores ocidentais, muitos inexperientes e com pouco recursos para disseminar as obras em nosso país. E agora com essa problemática a coisa se acentua pra cair na obscuridade e os animes continuarem a ser lembrados por épocas remotas.

    É o prólogo do fim.

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  13. @ Apo: Tu acertou uma coisa. Não se trabalha pra trazer leitores novos. Vc joga qualquer coisinha na banca e espera os otakus irem comprar. Só que lol, cadê as obras pra um público mais amplo, pra pegar aquele pessoal que lia gibi e abandonou? Pra pegar leitor novo, que não faz ideia do que é gibi e não se interessa?
    Não tem, foda-se.
    Quem plantou isso foi lá atrás quando a Editora Abril tava na briga com a Editora Globo. As bancas ficavam entulhadas de super-heróis, quando a Image nasceu e era ainda uma wanna be Marvel e DC então, vixe, o povo pirou.
    Só que e quem não gostava de super-herói? Ficou como? Daí estes abandonaram mesmo a leitura de gibis.
    ( De brinde, ignoraram completamente o boom do mangá nos EUA e não trouxeram NADA pra cá, salvo aquelas revistinhas ordinárias com quadrinização de anime, lembram de Sailor Moon pela Editora Abril? xD Huahuahuahuahua! ).
    Hoje em dia, ler gibi é coisa de colecionador, otaku ou fanboy / nerd de super-herói.
    Não tem mais leitores. Nem vou entrar no mérito do povo mangazeiro que lê scan e querem ser o Akira Toriyama / Oda / Kishimoto BR.
    A distribuição foi sacana, teve desmando, teve putaria de bastidores onde gente ganhou uma nota preta com revistinha, e agora é isso aí.
    Essa forma de distribuição tem mais é que morrer mesmo, só veio bosta dela!
    E em tempo: fiquei sabendo por um jornaleiro que a Fernando Chinaglia Distribuidora foi vendida e agora atende por AR Distribuidora.
    Parece que o Dinap não tá bem das pernas também.
    No aguardo de mais episódios dessa novela!

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  14. Tu acertou uma coisa. Não se trabalha pra trazer leitores novos. Vc joga qualquer coisinha na banca e espera os otakus irem comprar. Só que lol, cadê as obras pra um público mais amplo, pra pegar aquele pessoal que lia gibi e abandonou? Pra pegar leitor novo, que não faz ideia do que é gibi e não se interessa?
    Não tem, foda-se.

    – Ai não tem jeito Sr. Fool: Explorar o nicho e depender de uma fonte que um dia vai secar.

    Quem plantou isso foi lá atrás quando a Editora Abril tava na briga com a Editora Globo. As bancas ficavam entulhadas de super-heróis, quando a Image nasceu e era ainda uma wanna be Marvel e DC então, vixe, o povo pirou.
    Só que e quem não gostava de super-herói? Ficou como? Daí estes abandonaram mesmo a leitura de gibis.

    -Era uma confusão de publicações, verdade. Mas a meu ver hoje a HQ de Super Heróis é mais bem estruturada, apesar de ser cara. Mas acho mais fácil uma pessoa leiga comprar uma publicação do Batman, Super Man ou Homem Aranha que um edição de Madoka Mágica que só os entendidos sabem o que é.

    ( De brinde, ignoraram completamente o boom do mangá nos EUA e não trouxeram NADA pra cá, salvo aquelas revistinhas ordinárias com quadrinização de anime, lembram de Sailor Moon pela Editora Abril? xD Huahuahuahuahua! ).

    – Uma coisa que o Sr. apontou bem, realmente numa época em que essas produções vinham muitas vezes via pirataria por que não apostaram em lançamento de mangás dos personagens da moda. O mais bizarro é na época o quadrinho oriental que tinha uma certa regularidade em lançamentos era o Ranma 1/2 que era feito no formato americano e na leitura ocidental. Esse tipo de publicação não era valorizada quando muito como o Sr. disse era quadrinização do que passava na TV, realmente estranho esse silêncio das editoras nos anos 90 quanto a mangás.

    Hoje em dia, ler gibi é coisa de colecionador, otaku ou fanboy / nerd de super-herói.

    – Mas é com preços impraticáveis fica praticamente inviável qualquer um se adentrar nesse meio. O que tem em banca é vendido a preços pouco atraentes e sebos vendem alguns exemplares a peso de ouro.

    Não tem mais leitores. Nem vou entrar no mérito do povo mangazeiro que lê scan e querem ser o Akira Toriyama / Oda / Kishimoto BR.

    – Esse público é ainda nicho, a pessoa tem a ilusão que a internet traz mais público o que não é verdade. Num meio onde a pessoa procura o que quer como a internet não tem como se falar com público novo porque pra dar certo tem que despertar a vontade do cara conhecer o produto e pela internet é meio complicado de se fazer isso.

    A distribuição foi sacana, teve desmando, teve putaria de bastidores onde gente ganhou uma nota preta com revistinha, e agora é isso aí.
    Essa forma de distribuição tem mais é que morrer mesmo, só veio bosta dela!

    – Se melhorar para as publicações, tá valendo. Eu mesmo noto uma certa piora em encontrar exemplares de certas publicações. É complicado pra quem não tem livraria ou loja especializada por perto pra te atender. Ainda mais pras publicações orientais que depois que acabou esse interesse pela mídia na exibição desse conteúdo e acabou indo pra Crunchroll e Netflix (sem contar as exibições piratas que está cheio por aí) é difícil de ver melhora nisso, sem alguém com marketing para evidenciar essas produções vai ficar sendo de nicho.

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  15. Quantos entendedores… vcs são o povo das editoras que fica analisando a repercussão dos posts da gordinha né?

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  16. @ Adreanu: Obrigado! A gente faz o possível! E acho que aqui não tem gente das editoras não, todo mundo sabe que isso de quadrinhos + internet é coisa que não importa pra ninguém.
    Em minha opinião, claro!

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  17. Eu sou um cara que simplesmente comenta o que vê e a repercussão do mercado. Não tenho poder nenhum a não ser comentar e analisar. Por exemplo fiquei sabendo mais dos problemas da distribuição com o Sr. Fool e até fico mais claro certas coisas pra mim.

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