Barraco · Cosplay

Em apenas um vídeo o UOL conseguiu zoar mais os cosplayers que eu em 6 anos de MdOM

Foi lançada ontem a última edição da trilogia das matérias equivocadas do UOL a respeito do meio tokuanimangático, dessa vez colocando duas psicólogas especializadas em adolescentes para ofenderem gratuitamente toda a tribo de cosplayers de uma forma que nem euzinha, após anos de cobertura de eventos de anime repletos de gothic pobritas, consegui de forma competente. Seria isso pura implicância com esse pessoal adpeto ao mundo fantasiso? Uma tentativa desesperada de conseguir cliques? Ou então foi para evitar que as pessoas discutam quem foi acusado na lista do Janot e prefiram zoar o pobre moço que fez um cosplay de Inuyasha em 2015? Enfim, vamos torcer para eu ter aprendido a colocar embed e IKIMASU ver esse sensacionalismo em forma de streaming:

CLIQUE AQUI E VEJA O VÍDEO (claro que o embed falhou)

Na verdade, essa matéria do Uol é um exemplo lindo de como se pode facilmente manipular uma reportagem, pegando todos os trechos convenientes tanto dos cosplayers quanto das psicólogas para você afirmar sua tese que esse pessoal fantasiado é tudo maluco mesmo. Tudo embalado ao som de músicas pré-históricas sobre super-heróis e perguntas filosóficas e informações genéricas apresentadas graficamente num pôr do sol poético:

cosplayers-vs-uol-01

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(reparem como não consegui humilhar os cosplayers nem com minha intervenção photoshópica)

Bem, eu não tenho conhecimento algum de psicologia para poder questionar o sensacionalismo dessas matéria quando dizem que cosplayers são pessoas sem vida social e que confundem a própria personalidade com os papéis que interpretam (legal que o mesmo acontece com um negócio que existe há pouco tempo chamado TEATRO). Isso quer dizer que tanto a matéria quanto as psicólogas se livraram de uma voadora de argumentos dessa blogueira que mal consegue se levantar da cadeira? Mas é claro que não, pois vou compartilhar a opinião de uma cosplayer bem tradicional do meio dos eventos e que -olha só que conveniente- TAMBÉM É UMA PSICÓLOGA e pode retrucar os argumentos babacas da reportagem:

Finalmente em casa,estão sentados? Vamos lá…. se você ler até o final, deixe algum comentário, pra eu ficar feliz. Depois é só desativar as notificações.
Pra quem não sabe hoje foi publicada uma matéria em que “Psicólogas discutem a influência do cosplay na formação da identidade pessoal do adolescente.” O texto que acompanha o video ainda fala que “Fantasiar-se como seu herói preferido é uma febre entre jovens desde a década de 1970 nos EUA e Japão, mas ultimamente a mania tem causado distúrbios de personalidade em adeptos que chegam a usar a fantasia em seu dia-a-dia.” Tá lá, no site da TV UOL onde foi publicado originalmente.
Bom, pra quem não sabe, eu sou psicóloga, mestre em psicologia clínica, tenho 38 anos, sou casada, funcionária pública trabalhadora… e sou cosplayer! Sou da abordagem behaviorista, mas estudei psicanálise tb e posso garantir que ambas as psicólogas foram deveras infelizes em seus depoimentos, embora eu acredite que tenham tido suas falas distorcidas e manipuladas, pois não acredito que realmente considerem (pelo menos uma delas) que todo cosplayer se acha uma porcaria quando não está de cosplay. Será mesmo que elas não falaram de nenhum aspecto positivo de ser cosplayer? Eu duvido, quero entrar em contato com as duas para esclarecer tudo isso.
A primeira frase da psicóloga Gislaine Dominicis na matéria é: “O cosplay não favorece a integração, ele favorece a desintegração”. Ok, ela prossegue falando da desintegração entre o eu que eu sou mesmo e o eu que eu represento ser, mas de cara já levamos aquele susto de “como assim”, pq pensamos em integração SOCIAL, e não da integração ou desintegração da gente com a gente mesmo! Cosplay promove integração social, fiz muitos amigos nesse meio, inclusive conheci o meu amado marido nesse meio! Agora, falando da gente com a gente mesmo, depende muito do ponto de vista, pq o que ela chama de desintegração não faz muito sentido uma vez que estamos incluindo novos eus, sem tirar nada. São trocas de papeis temporárias. Nem no próprio evento somos aquele personagem o tempo todo. Somos o personagem praticamente apenas quando vamos tirar foto ou se apresentar, na maior parte do tempo somos nós mesmos fantasiados.
Em seguida entra a psicóloga Leda Zancanella, falando que “ficar na fantasia é gostoso, é cômodo”…. ok, gostoso é mesmo, mas… CÔMODO? Se tem uma coisa que não é, é cômodo! Cômodo é ficar na mesmice do dia a dia, isso sim! Usando roupas confortáveis e passar batido pelos outros. Estou sendo sarcástica pq sei que ela não falou no sentido literal, mas cômodo soa bem pejorativo, não é? No sentido de acomodado, como se fosse “fácil” viver a vida de cosplayer! Não, minha senhora, não é! A gente sofre preconceito, críticas e muitas vezes somos mal interpretados, por exemplo, ao recusar tirar uma foto por estar com pressa para ir ao palco ou por estar almoçando durante um evento.
Se tem pessoas com distúrbios graves a ponto de ignorar a realidade provavelmente passaria por isso também em qq outro hobby, até colecionando selos! São pessoas que precisam mesmo de ajuda, precisam de psicoterapia e até de acompanhamento médico-psiquiátrico mesmo. Nem de longe são a maioria dos jovens que frequentam eventos abertos a cosplayers. Uma pena que essas duas psicólogas uma especialista em adolescente e outra especialista em jovens, nunca tenham ido a um evento para relatar isso, eu duvido que tenham ido, pelo menos foi que transpareceu na matéria, falaram como se todo cosplayer fosse alienado! Aí colocam cosplayres falando de fugir da realidade, como se fôssemos um bando de drogados! Nós usamos nossos cosplays em eventos específicos, ninguém vive seu personagem 24h por dia, ninguém vai trabalhar de cosplay, é como participar de uma festa a fantasia, é um hobby, uma diversão, pra sair um pouco da realidade SIM , mas de uma forma saudável e divertida, sem ter a “vida real” prejudicada por isso.
Quando uma das psicólogas fala do orgulho de ser outro personagem e que isso é um perigo, novamente está discriminando nosso hobby como se a gente não soubesse separar fantasia de realidade! Que isso? E ainda vem com o papo de que quando não estamos de cosplay somos uma porcaria (sim, ela usou essas palavras!) e que cosplay não ajuda na auto-aceitação, não ajuda a gente a chegar onde queremos… tudo invertido! No meio cosplay e também no consultório, com os cosplayers que atendi, conheci pessoas que se sentiam discriminadas por serem deficientes físicas, deficientes mentais, pelo tom da pele, pelo peso, pela altura, pela opção sexual, todos se encontram, se reconhecem e se sentem melhor usando cosplay, fazendo amigos, namorando, vivendo, superando obstáculos, se tornando pessoas melhores, tudo isso numa sociedade que é muito preconceituosa! E essa amizade não fica só nos eventos, não fica só atrás da máscara (cosplay), vai para o dia a dia, para outras atividades de lazer, cinema, passeios, aniversários, etc. São amizades verdadeiras! Respeito verdadeiro! Reconhecimento verdadeiro!
E não se preocupem, estamos todos (ou a grande maioria) no play mesmo, na brincadeira! Eu não sou os meus personagens, eu sou eu e gosto de homenagear meus personagens favoritos através do cosplay. E não só como cosplayer, mas como psicóloga que sou, poderia passar mais de duas horas falando dos benefícios do hobby cosplay para os jovens e também para os ADULTOS (oooooh, adultos tb fazem cosplays, olha a noivdade!). Mas acho que já chega.
A música “Heroes” do David Bowie é excelente! Heróis por um dia, perfeito! Mas a outra música escolhida, das Frenéticas, repetindo que “o que mais me dói é que você escolheu errado seu super herói”, ah, fala sério! Cabe uma série de palavrões aqui, não é?
Por tudo isso fica aqui a minha revolta para Rodrigo Bertolotto e Adriano Delgado e toda a equipe UOL que deixou isso passar! Não é para as psicólogas, muito menos para os cosplayers. Avalio que foram todos vítimas dessas mídia podre e manipuladora!

(Pra você que não leu o textão do face, vamos resumir: a Márcia dançou a coreografia do encerramento de Haruhi Suzumiya  em cima da desqualificação das profissionais apresentadas no vídeo e da equipe do UOL.)

E por que estou fazendo todo esse apoio aos cosplayers em vez de convocar a Ba-chan para escrever uma carta aberta? Porque estou farta do UOL! Eu aceitei de boa escreverem uma pauta sensacionalista falando que Korra tem insinuações lésbicas, também até relevei uma outra matéria mostrando as coisas pesadas dos animes (e dando destaque para aquele beijo gay no começo do Naruto), mas ningué… ouviram bem?… NINGUÉM VAI ZOAR OS COSPLAYER AQUI NO MEU TERRENO, ENTENDEU?????

17 comentários em “Em apenas um vídeo o UOL conseguiu zoar mais os cosplayers que eu em 6 anos de MdOM

  1. Materia sensacionalista mesmo, a uol faliu ha muito tempo e esqueceram de avisa-los. Uma das cosplay fala sobre escapismo, mas é melhor ela usar uma fantasia do que se drogar, e quando outro fala sobre como fica com a personalidade dos personagens encarnados depois do evento: é tao ruim assim ser corajoso ou leal aos amigos? Porque foi o que eu vi nos personagens dos cosplayers. Tudo o esta de errado na nossa sociedade esta resumido nesse video: ignorancia e preconceito com o incomum, o povo acha muito bom ficar sentado assistindo porcarias como o Big Brother que qualquer um que fuja dessa rotina é humilhado como nesse video. Vergonha desses jornalistas e mídia brasileira. Sou otaku com muito orgilho, mas nunca fiz cosplay porque exige um esforço criativo e produtivo(trajes) que nao tenho, parabens a todos cosplay por serem pessoas criativas, divertidas e animadas, que nao se deixam levar por essa sociedade ridicula.

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  2. Que imbecil isso, já vi em várias matérias de evento de animê(que são todas de total vergonha alheia e não devem ser levadas a sério, e eu só assisto pra rir), as matérias falando coisas como “eles acham que são os personagens”, “já deixaram de viver no mundo real e não sabem mais o que é a realidade”, mas essa matéria é outro nível, é muito absurda, fizeram isso pelo sensacionalismo, é a única explicação, os coitados dos cosplayers ja passam vergonha suficientes em matérias e entrevistas normais e o uol ainda faz isso com eles, pobres cosplayers :c

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  3. ESTOU INDIGNADO COM ESTA ,MATÉRIA!!

    Sério que estas duas senhoras falaram isso mesmo? Porque eu não acredito também!! Gosto de olhar as pessoas fantasiadas, são bacanas e não vejo nada de loucura ou um distúrbio.

    Recentemente fiz um projeto em parceria com a escola, local do meu trabalho, fantasiei apenas duas vezes em uma ocasião que não fosse um evento e outro para projeto de escola. (E olhe que sou funcionário público e não fico de cosplay todo dia e também não iria trabalhar fantasiado!)

    Pra incentivar alunos a terem hábito de leitura, começando basicamente por revistas em quadrinhos ou mangás, desenvolvemos um trabalho especial, e que eu poderia tá passando por uma vergonha alheia e bizarra, pelo contrário, isso garantiu, de forma muito positiva, a aproximação dessas crianças a terem contato com mangás ou revistas em quadrinhos. Fomos aplaudidos de pé pelos professores e alunos desta escola.

    Um absurdo que UOL faz com este tipo de reportagem sem ao menos saber do que se trata. É uma pena. Quem quiser vê o que eu fiz, está aqui.

    https://www.facebook.com/media/set/edit/a.930315773696220.1073741854.100001534171560/

    https://www.facebook.com/luciano.limamachado/media_set?set=a.932281970166267.1073741855.100001534171560&type=3

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  4. Só pra acrescentar também os seguintes trechos, de um outro psicólogo, que estudou cosplayers por alguns anos (e escreveu sua tese de doutorado e alguns artigos sobre o tema):

    “Por outro lado, neste estudo não se percebeu efetivamente qualquer item de cunho negativo a esta prática de lazer, podendo ser um novo modelo de ócio.” (http://www.scielo.br/pdf/psoc/v23n3/16.pdf)

    “Os principais resultados deste breve estudo são: os cosplays possibilitam uma identificação social com um determinado grupo; isto ocorre a partir de uma produção das culturas de massas evitando assim uma perda de referencial social, mesmo que isto tenha que ocorrer a partir de um subterfúgio visto como sendo infantilizado. (…) Por fim, a identificação que resulta da constituição do cosplay passa a ser um instrumento de otimização das relações sociais, outrora empobrecido e defasado pelo individualismo crescente e, por assim dizer, um placebo temporário baseado numa nova espécie de lazer em voga na modernidade.” (http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rbcdh/v17n1/06.pdf)

    Agora, porque não foram procurar um psicólogo especialista em cosplayers, não faço ideia.

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  5. Eu vou dizer oque acontece…
    Os caras do UOL ficam algum tempo vendo os otakus nestes eventos agirem como retardados. Daí eles concluem que o clímax de ações são os cosplayers.

    Inclusive, esta resposta da Marcia foi a única com algum conteúdo que li sobre assunto. Os demais parecem coisa de gente revoltadinha delinquente mesmo.

    E, tem mais… na boa: os cosplayers sabem que UOL, GLOBO e estas porras todas vão de alguma forma detonar. Por que se sujeitam a dar entrevistas? É para o pessoal pensar mais… Porque ficou claro que o objetivo da grande mídia é um só…

    Sandra Monte
    http://www.papodebudega.com

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  6. Mimimi. Que texto de merda. Não deu nem pra ler essa bosta. Cagou com os dedos. Bostejou.

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  7. Diva lacrativa essa Márcia!
    Opinou perfeitamente, sem baixaria e com argumentos sensacionais.
    Eu tenho amigos Cosplayer, são mais normais, gente boa e interessantes do que eu (sem egoísmo) que tenho medo de fazer Cosplay.

    Agora, não é de hoje que vemos o sensacionalismo nas páginas do UOL.

    Estão quase se equiparando ao blog da Fabíola Reipert.

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  8. kkkkkkkkk

    A verdade sambou na cara dos otacus e eles ficaram revoltados. Negação é isso aí, não percebem o quanto são ridículos.

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  9. Mara, tu escreveu Uol ao invés de UOL no segundo parágrafo. Por favor, corrija.

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  10. Rodrigo Bertolloto, o autor da matéria, é um famoso Metralhadora de Merda frustrado, e não é a primeira vez que as pessoas pedem retratação pela suas matérias sensacionalistas.

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  11. Concordo plenamente bom eu não entendi muita coisas que elas falaram(tambem 12 anos é fo÷+$×) mas o pouco que entendi me deixou indignada.

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