Mangá

Zetman e a linda história do consumidor que tem memória de peixe dourado

E aí, minna, como vão vocês? Hoje estamos aqui no Mais de Oito Mil para mais uma rodada de “reclamando da JBC”, o nosso quadro favorito aqui no blog. Mas você se engana se pensa que será alguma coisa gratuita do tipo “que bosta foi esse mistério da capa de Chobits se ela tá igual a primeira?”, e sim algo pertinente.

Confesso que fiquei meio surpresa quando a JBC anunciou que Zetman já está pronto pra ser lançado, porque estava achando que a editora tava encarnando o espírito da Newpop de só anunciar, mas ao mesmo tempo fiquei apreensiva sobre algo que eu já imaginava. E, com as informações sobre o lançamento, já posso reclamar de uma coisinha:

zetman-jbc-01

“Mas Mara, sua gorda com dupla identidade, você vai reclamar do preço elevadíssimo? O Cassius-Sama já explicou que é por causa da crise do país e todos os gastos extras.”

Não, não vou reclamar do preço. Acredito que virá com qualidade, o negócio tem tem mais páginas que o normal e sabemos que cada contrato é um contrato, por isso não se deve tabelar preço dos mangás. Meu problema é com outra coisa nessa imagem (e não é o nome do Masakazu Katsura, que é mestre em fazer os romances mais medíocres da história da Shonen Jump): MENSAL. Sim, novamente vou criticar isso.

Em várias ocasiões, Cassius Medauar disse que a JBC não trabalha com mangás bimestrais, ao contrário da Panini. Se duvida, o Google-kun me ajudou a achar isso:

zetman-jbc-02

Um dos motivos que ele já alegou em palestras realizadas em eventos decadentes ou não é que o mangá precisa aparecer nas bancas sempre, como um hábito, para que o leitor não esqueça do título. Ou seja, títulos bimestrais e trimestrais, em teoria, não funcionam. De certa forma eu concordo com ele, mas essa lógica esbarra em problemas financeiros.

Na época que ele editava mangás na Conrad, os títulos eram meio tankos e variavam de mensais e quinzenais. Mas isso funcionava porque o preço era bem mais acessível que hoje em dia (acredite, houve um tempo que um mangá da JBC custava 2,90 e um da Conrad 3,90… tudo bem que numa qualidade pior que o character design de Sailor Moon Crystal). Agora tudo é publicado em tanko (podemos falar isso porque Super Onze já morreu), então a proporção e o preço é diferente.

Antigamente um Dragon Ball era quinzenal, com 100 páginas a cada quinzena. Ou seja, em um mês dava um Tanko. Um Evangelion era mensal, com 100 páginas a cada mês. Totalizando um tanko completo bimestralmente. Pensando dessa forma, não parece meio absurdo um lançamento como Zetman ter quase 300 páginas e ser lançado mensalmente a um preço ligeiramente salgado (devido à qualidade)?

deathblack02

Quando a JBC lançou Death Note Black Edition custando 40 reais e eu reclamei, muita gente veio me chamar de gorda mal-amada porque era lançamento para livraria, e ela fica lá o tempo que quiser até o cidadão ter dinheiro para comprar. Mas o que dizer de Zetman, que será lançado em bancas? Com as tiragens baixas de mangás hoje em dia, quando sai um volume você é obrigado a correr e comprar, porque dali um mês ele esgota e é vendido na Comix pelo preço de uma casa popular.

Acreditar que mangá bimestral não funciona aqui não seria um pensamento meio antiquado? A Panini mesmo tem lançado grandes títulos nessa periodicidade e não parece próxima de falir (até porque ela é dona do código de dinheiro infinito para a compra de novos títulos). Não estou falando de transformar tudo em bimestral e quebrar a JBC, mas pensar um pouco melhor.

Essa pressa em lançar as coisas só faz com que os mangás cheguem à edição japonesa num piscar de olhos, como The Seven Deadly Sins que tem pouco mais de um ano de publicação na JBC e já vai entrar em hiato. E se você acha que brasileiro não tem memória para esperar dois meses por um mangá, espera ver quando precisar esperar três ou quatro para alcançar um volume japonês que é feito na periodicidade chamada “será lançado quando ficar pronto”.

***

Ao contrário do que alguns governadores fazem com a imprensa, aqui é um espaço democrático e adoraríamos a manifestação de alguém da JBC. Pode ser tanto nos comentários quanto por meio de indireta no Twitter. Kissus estrelados!

19 comentários em “Zetman e a linda história do consumidor que tem memória de peixe dourado

  1. Eu sinceramente vejo essa periodicidade mensal com um fator impeditivo de consumir mais mangás. Por exemplo, YuYu Hakusho (que não era prioridade para mim) já deixei de comprar. Talvez quando finalizar compre um combo com desconto…

    Curtir

  2. Realmente um mangá á R$17,90 e mensal é algo que vai fazer muita gente desistir de Zetman (eu mesmo já estou pensando em desistir). Concordo também quando você falou nesse assunto de um mangá entrar rapidamente em hiato por causa da periodicidade, afinal ninguém gosta de ter que ficar esperando volumes novos (se bem que a JBC sempre corre atrás assim que sai material no Nihon, então ganha pontos nesse aspecto). Só não concordo com a parte que você diz que o Katsura fez os piores romances da Jump. Ninguém tem culpa se você não sabe apreciar obras de arte.

    Curtir

  3. Primeiro mangá da minha lista que eu me faço desistir (e olha que eu compro mangá desde o tempo de dragon ball da conrad!), até queria comprar, mas ta muito salgado…

    Curtir

  4. Periodicidade curta é algo que prezo. Estou tomando calmantes por causa de Soul of Gold quinzenal!

    Saga, me possua!!!

    Curtir

  5. Bravo, não poderia ter dito melhor. Se ainda fosse igual ao Black Edition, que era de livraria e ainda vinha num papel bem melhor (o famoso luxcream), eu até topava pegar os volumes depois. Mas nem ferrando que em bancas mensalmente dá pra acompanhar.

    Curtir

  6. R$ 17,50 por um mangá que não chega a ser tão conhecido e que provavelmente ninguem vai comprar só pra ver qualé que é. Eles estão torcendo por uma base de fãs que vai ter a grana para comprar isso todo mês….e eu acho que essa fatia de mercado não é tão grande.
    Foi pedido dos japoneses em lançar ele com uma qualidade tão boa assim?

    Curtir

  7. pisa brite não é qualidade boa, Luk

    simplesmente não vou comprar, o preço é absurdo

    Curtir

  8. Tá caro, esperava no máximo 14,90, embora hoje em dia a qualidade do papel da JBC seja beeeeem melhor que o da Panini…

    Curtir

  9. Mara, quando se clica em algum post específico, a imagem logo abaixo do título (que pode ser vista normalmente na página inicial do blog) desaparece. Vê isso aí, pls.

    Curtir

  10. Realmente agora que essa balofa comentou…sera que vou encontrar essa merda nas bancas? Ou compro uns numeros e corro o risco de ficar sem a coleçao completa, apesar que eu acho que essa bodega nao vai vender tanto. Ja que tem muito otaco filho da empregada que anda de aviao mas nao vai pagar 18 dilmas no mangá e esta chorando pra caramba no tuiti e feicebuk. Esse troço deveria ser bimestral sim, nao sei pq a jbc tem tanta pressa pra lançar e finalizar logo um mangá (vai ver eles ja tem programado orelançamento desse zetman assim que terminarem essa primeira coleção)

    Curtir

  11. O papel da Panini e da JBC é o mesmo, a diferença é que um é 48g (Panini) e o da JBC é 52g. O resultado final pode ser mais bonitinho, mas encarece como vemos os preços.

    Curtir

  12. 48g, não! é 46g, na verdade. Essa é a gramatura do pisa-brite, que é o papel usado pela Panini.

    Curtir

  13. MARA FALA DO MAD SCIENTIST MALUCO E DAS ADAPTAÇÕES BOSTA DA JBC QUE A GENTE NÃO AGUENTA MAIS TANTA INCOMPETENCIA

    Curtir

  14. Lembrei da primeira versão de Ranma 1/2. A Animangá lançava dois capítulos bimestralmente (quando não trimestralmente). Estaríamos comprando até hoje e ainda não teríamos nem metade da história original publicada…

    Curtir

  15. Atrasado dona Mara, mas cheguei.

    Essa é a estratégia desse gênios que representam o mercado de mangás por aqui, já é fato todos os problemas que temos aqui (que o público consumidor em sua maioria tapa os olhos pra eles). Eu mesmo desisti desse mercado faz tempo, pra que acompanhar mangás aqui, pra me estressar com a dificuldade de se achar os títulos e depois ter que depender de eventos e de Lojas (pff) especializadas me tirando o couro? Nem pensar.

    Que os Japoneses aprendam a trabalhar DIRETAMENTE com o mercado consumidor ocidental porque depender de editoras como JBC não dá mais.

    Se fodem aí quem ainda alimenta esperança nesse mercado.

    Curtir

Os comentários estão fechados.