Ba-chan, a nova (e injustiçada) musa dos otakus

Escrevo neste blog há QUATRO ANOS e nunca consegui a tão desejada repercussão (a não ser que vocês considerem uma entrevista pro Netotin e uma citação no Kotaku Brasil como repercussão). Já minha prima deve ter escrito… sei lá… uns dez posts nesse blog e nessa última semana conseguiu seus 15 minutos de fama, tudo isso graças à carta aberta publicada contra o portal G1 após aquela matéria sobre os otakus.

Observem:

Ela foi compartilhada em um grupo do Facebook (que até mandou um alô nos comentários)…

…em grandes páginas da rede de relacionamentos…

…em vários perfis do Twitter…

…e até no Youpix!

(o que deve garantir à minha prima uma entrada vip no festival Youpix e uma cadeira ao lado do Roberto DuqueEstrada e da garota que segurou o forninho no debate sobre política no mundo pós-moderno aplicada a vloggers)

Os comentários no blog também foram diversos. Muita gente que não conhecia o meu blog, e muito menos a falta de QI da minha prima otaka, deixou seu recadinho sobre a manifestação da minha parenta:

Tirando esse último comentário, que representa a parcela de TRAÍRAS desse blog que querem que a Ba-chan ocupe o meu lugar no Mais de Oito Mil, a grande maioria foi de leitores que, por meio daqueles compartilhamentos, vieram parar aqui para julgar a carta da Barbara. E tudo isso só me fez pensar o quanto as pessoas da internet são meio… cruéis.

Falaram que ela era burra, doente mental, que devia ficar calada, que com aquele português quase indecifrável nenhuma opinião poderia ser exposta. E, nessa hora eu gostaria de virar para essas pessoas e falar… vocês são inteligentes? Vocês conseguem ler um texto e entender perfeitamente a mensagem do autor?

Durante muito tempo o Brasil viveu uma fase em que se separava os ricos dos pobres através da inteligência. Pobre era “burro” por não saber se articular, era ignorante por desconhecer seus direitos e a situação se mantinha com governos que pouco pensavam na maioria da população, uma gente quase miserável no campo financeiro e da educação.

Essa forma como minha prima foi tratada mostra muito bem como esse tipo de pensamento de “elitismo cultural” continua existindo. Ela não sabe escrever? Então não pode opinar. Ela é uma burra porque acha que o Japão ganhou a guerra? Então não pode questionar algo que a incomodou. Recebe bolsa família? Não deveria ter direito a voto. O bom é que fique calada, quietinha com sua ignorância enquanto apenas os inteligentes, aqueles que sabem interpretar textos, cuidam de opinar sobre o que é certo e o que é errado. Poucos tentaram informar que o Japão perdeu a guerra nos comentários. Poucos apontaram educadamente a forma torta na qual ela expôs algo que a incomodou. E, afinal, alguém com menos instrução ou com menos bagagem cultural não tem o direito de reclamar algo?

Como diria a própria Ba-chan no fim de seus textos… “reflitão”.