Aleatoriedades

MdOM Interview – Entrevistando o Amaro Braga, autor do livro “Desvendando o Mangá Nacional”

Oi, minna! Enquanto a concorrência fica fazendo sétimas impressões de Another, vamos para a pauta relevante. Acredite ou não, mas tem gente que a ocupação tem a ver com quadrinhos, e essas pessoas não são editores de mangás que ficam se exibindo em seus Facebooks pessoais. O entrevistado de hoje é Amaro Braga, professor da Universidade Federal do Alagoas e autor do livro “Desvendando o Mangá Nacional”, que vai falar um pouco sobre seu trabalho e se o Brasil dá espaço para que pessoas estudem quadrinhos.

E se você acha que é mais fácil ver o Rafael Vannucci emagrecer que ver uma entrevista séria no Mais de Oito Mil, vai se surpreender! Vamos para a entrevista:

Mara- Vamos começar do começo, como sempre. Você estudou Ciências Sociais porque queria estudar quadrinhos ou foi algo que surgiu durante a graduação?

Amaro – Comecei a estudar Quadrinhos ainda no ensino médio. Fazia parte de um grupo de colecionadores de HQ que criou uma ONG e realizava exposições e palestras na cidade sobre HQ´s. Isso pesou na hora de escolher o curso universitário. Minhas opções eram Jornalismo e Ciências Sociais. Como eu me interessava também por Religião e Grupos Étnicos, escolhi Ciências Sociais [e a concorrência menor ajudava (^_^)]. Na verdade, a inserção das temáticas sobre Quadrinhos no curso de ciências sociais é ausente. Tive muito trabalho durante a graduação para mostrar a relevância de estudar os quadrinhos sobre um viés socio-antropológico.

 Mara- Tanto em seu mestrado quanto no doutorado você sempre esteve nesse meio dos quadrinhos. Afinal, o Brasil abre espaço para se estudar HQs? E esse espaço está presente tanto em universidades pagas quanto públicas ou em apenas uma?

Amaro- Em termos. A Academia pode direcionar e produzir quaisquer tipos de investigação, conforme os interesses dos alunos e dos professores. O que ocorrer é a existência de pesquisas mais fáceis e mais difíceis. Estudar quadrinhos na academia ainda é um pouco difícil, dependendo da sua área. Por exemplo: em Comunicação Social é muito comum e mais fácil fazer a pesquisa. Têm mais professores envolvidos. Em outras áreas, pode ficar mais complicado achar um professor que oriente. Nas instituições privadas é mais fácil desenvolve uma pesquisa sobre quadrinhos, pois o aluno é mais independente na hora de escolher seu tema e a instituição é obrigada a fornecer um orientador. Já na pública, é costume, os alunos se integrarem às pesquisas dos professores, e estes, costumam recusar muitos tipos de trabalho. Mas tudo depende do aluno. Se ele insistir e tiver fôlego, ele consegue defender seu trabalho e realizar sua pesquisa. Foi assim comigo.

Mara- O mundo acadêmico é muito nebuloso ainda para as pessoas, principalmente as que ainda se encontram no ensino médio. Como sabemos que, tirando a Evelyn Torrence, ninguém vive de luz, dá pra viver sendo um estudioso? Você aconselha alguém a seguir a carreira ou a considera um guilty pleasure?

Amaro- A área acadêmica exige muita dedicação e esforço. O Tempo de formação é muito mais longo do que a atuação em outras áreas, mas é recompensador. Apesar do tempo necessário para se adequar (é preciso fazer mestrado, doutorado, com cerca de + 6 anos, depois de 4 anos uma graduação), os salários são bons e convidativos. O segredo para qualquer profissionalização é dedicação e produção. Eu procurei fazer aquilo que realmente me deixava feliz, porque “trabalho” é trabalhoso e causa desgaste e perda de energia – todo ele. Lembrem-se das aulas de física!(^_^). Quando você faz algo que gosta, ajuda a agüentar os trancos e barrancos. E têm coisa melhor do que uma desculpa aceitável pra continuar comprando quadrinhos e  ser Cosplay depois dos trinta anos. Quando olham feio, digo logo: “Tô fazendo pesquisa. É Meu trabalho!” (^_^)

 Mara- Sua dissertação de mestrado virou este livro que você lança agora, o “Desvendando o Mangá Nacional”. Pelo título, você considera que o público brasileiro tem dificuldades em definir um mangá nacional?

Amaro- Talvez. O “Desvendar” é tirar as vendas, aquilo que impede de ver o mangá nacional além da visão de colecionador, otaku e fã. Quando gostamos muito de algo, fica difícil percebê-lo de outra forma que não aquela que nos agrada.  Para os leitores é algo muito comum e pouco questionador um “mangá nacional”. E é aí que se encontra o problema. Quadrinhos (como outras expressões artísticas e midiáticas) não são meras formas de entretenimento sem conseqüências para a sociedade. Ao contrário. Eles são repositórios de usos e costumes de uma cultura, de valores sociais, ideológicos e políticos. Mangá, Comic, BD, não são termos que traduzem “História em Quadrinho” em Japonês, Inglês e Francês. Cada um destes termos revela a cultura do país que o produz (hábitos, costumes, alimentação, vestimentas, linguagem, etc). Um Mangá Nacional mistura cultura brasileira com a japonesa ou só reproduz uma cultura japonesa disfarçada de brasileira? Ou é cultura brasileira disfarçada de brasileira? O que tem de “Nacional” no Mangá Nacional? Lembrem-se que “Nacional” vêm de “Nação” (olha as aulas de geografia….). A Nação é o conjunto de hábitos, costumes e valores de um povo, organizado politicamente. Quando algo é “nacional”, você se reconhece nele e o usa para se identificar. É assim com a música nacional, a literatura nacional, o cinema nacional, a comida nacional, etc. Ser nacional significa não ser estrangeiro. São coisas completamente diferentes. Um exclui o outro. Um mangá Nacional (ou um comic nacional como os quadrinhos de super-heróis brasileiros) coloca a definição de nacional em contradição.  E não se enganem. Não sou contra o Mangá Nacional, apenas mostro que seu surgimento e desenvolvimento possuem implicações muito maiores. Não é algo para se tratar com despretensão…

Mara- Você concentrou seus esforços na análise de Holy Avenger, que é um dos lançamentos brasileiros mais bem sucedidos. Sabendo disso, você acha que os quadrinhos atuais (como os publicados na Ação Magazine e a Turma da Mônica Jovem) apresentaram alguma evolução ou ainda mantém as mesmas características de mimetização do mangá japonês de dez anos atrás?

Amaro- A Turma da Mônica (Didi e Luluzinha, também) na minha avaliação, ainda são quadrinhos miméticos ( que eu chamo nos meus estudos de “Moho-Mangá” ou Mangá-Mimético, que são aqueles que reproduzem totalmente os elementos do mangá original, temática e\ou esteticamente, e são reconhecidos como nacionais apenas por serem feitos no Brasil ou por Brasileiros (Considero que existe uma diferença enorme entre “Quadrinho Brasileiro” e “quadrinho Nacional”, não considero os termos sinônimos!). Sendo, portanto, copias dos mangás. E neste caso em particular, ações meramente comerciais, vinculadas ao sucesso da estética mangá dos últimos anos. Niseis e Nikkeis com estilo mangá trabalham para Maurício de Souza há décadas, o surgimento da publicação é essencialmente, uma decisão editorial-mercadológica visando aproveitar “a onda”. A Ação Magazine já tem uma proposta diferenciada. Nos meus estudos eu chamo este tipo de produção de  “Kongo-Mangá” ou Mangá-Híbrido que se apropria de determinados bens estéticos ou temáticos dos mangás, mas não reproduzem totalmente seus esquemas estilísticos, resultando em produtos híbridos. Há uma tentativa de incorporar elementos “nacionais” dentro da estrutura da produção. Apesar desta tentativa ser ainda pouco estruturada, ela é autêntica. Eles têm capitaneada os quadrinhistas interessados em desenvolver histórias com a estética do mangá, mas incorporando algum diferencial. É este “diferencial” que pode levar a Revista a um local mais sofisticado neste mundo dos mangás brasileiros. Mas eles estão só com 3 edições (a nº 0, a 1 e a 2) ainda é cedo pra falar alguma coisa. Tudo depende da proposta editorial se manter e do tipo de produção que os quadrinhistas que alimentam a revista apresentam. E sabemos que muitos fãs de anime e mangá querem mesmo é fazer um mangá mimético. Igualzinho ao Japonês. Como isso fosse atestar a qualidade dos nossos desenhistas e das nossas publicações. (infelizmente, é justamente o contrário!!!)

Mara- Turma da Mônica Jovem, segundo números apresentados pelo Maurício de Sousa, um dos quadrinhos mais vendidos no mundo. Segundo a sua opinião, que é muito mais relevante que a minha porque você estuda o assunto e produz conhecimento, esse sucesso tem a ver com o formato mangá ou de qualquer maneira essa versão adolescente da Mônica venderia horrores?

Amaro- São dois fenômenos envolvidos: os fãs da Turma da Mônica e os fãs do Mangá. Muitos destes jovens leitores de Mangá poderiam conhecer a Mônica, mas não comprar as revistas nas bancas, já que se interessam pelos mangás – que são muitas edições por mês. Não dá pra comprar tudo. Muitos se dedicam aquilo que é  “novo” e recente. Afinal, são os temas das conversas e dos debates nos fóruns e na escola. Quem compra Mônica em grande maioria são aqueles que não são fanáticos por quadrinhos: pais, professores, escolas, que levam as Hq´s para seus filhos: crianças. Quanto maior é idade, maior o interesse por outras publicações. Aliar os fãs de um com os de outro, foi um jogada perfeita que permitiu multiplicar a aquisição da revista no Brasil. Transformar a Mônica em adolescente, não é à toa. Quem se interessa é justamente o público mais antigo (que se tornou pré\adolescente). Afinal, para jovens leitores de até 14 anos, Mônica adolescente, não significa muita coisa…. Já para os “jovens’ de até 30 anos, que leram Mônica na infância, é outra história. Acompanhei muitos  jovens adultos – principalmente mulheres – voltando às bancas para acompanhar as novas histórias da Mônica. Mas já temos alguns estudos acadêmicos sendo feito sobre isso. Na Federal do Espírito Santo, a Luciana Zamprogne realiza um mestrado em sociologia exatamente sobre a Mônica Jovem. em breve teremos respostas mais estruturadas sobre este fenômeno.
Mara- O que você considera que falta nos mangás nacionais de hoje para que eles deslanchem de vez no mercado? Melhores traços, melhores histórias, comprometimento das editoras?

Amaro- Na verdade eles já deslancharam. Entre 2000 e 2005 foi o grande boom dos mangás nacionais, chagando a quase 50 publicações\ano diferentes. Depois disso começa a despencar a cerca de 10 edições\ano (na maioria, do tipo fanzines em banca). Também não considero que o fator “melhores traços” seja importante. Não existe desenho bom. Existe aquele que você gosta. E o mangá deixa isso bem evidente. As noções de perspectiva e anatomia são completamente reinventadas nesta estética. O importante é produzir. Histórias boas só existiram depois que surjam histórias medianas, que por sua vez, só poderão advir com histórias simples. Sendo assim, o que é preciso é haver um mercado de produções constante onde todos façam suas histórias. Cada HQ que você faz, você vai melhorando em tudo, na história, no desenho, na quadrinização. Tudo vai ficando melhor. Nossas editoras têm investido bastante no mercado nacional, para fazer parte dele é preciso produzir. Nenhuma editora vai investir em uma história, que nem desenhada foi ainda… muitos ficam esperando uma oportunidade para produzir suas história. O que é errado. É o próprio quadrinhista que cria sua oportunidade quando produz. Muitos dos que hoje você encontra nas livrarias foram convidados por editores depois que suas produções chegaram até suas mãos, seja por edições independentes, seja pelos concursos e salões de HQ no país. O segredo é produzir, produzir muito! Quando comecei a ler a Holy Avenger não tinha nenhuma pretensão. Cheguei inclusive a ser assinante da revista, pois me tornei um fã. Foi o segredo pra realizar a pesquisa. Comecei a trabalhar com algo que eu já tinha em casa e transformei meu Hobby em profissão. Já conhecia a obra de traz pra frente, e isso ajudou a chegar um problema de pesquisa válido para um estudo acadêmico. No livro falo da importância de estudar quadrinho, a problemática do que seria um “quadrinho Nacional”, sigo pelas características do mangá (o que tem no mangá que faz dele um “mangá”? e não um comic ou uma BD) e vou analisar a Holy Avenger e relacionar estas duas coisas. No fim, acredito que o livro venha a ajudar os que têm interesse em desenvolver uma pesquisa sobre quadrinhos de uma forma em geral, aproveitando sua estrutura metodológica e também os que estão interessados em estudar a problemática da identidade dos quadrinhos e suas representações sociais. Além dos que se voltam para os estudos sobre a cultura pop japonesa.

Mara- Estamos prestes a encerrar a entrevista. Aproveite esta penúltima pergunta pra fazer seu merchã, surpreendendo o leitor que esperava uma propaganda só na última pergunta.

Amaro- Ufa…. achava que não ia chegar a vez…. O livro é o único no mercado que se dedica a analisar não o mangá publicado no Brasil, nem a situação dos quadrinhos brasileiros, mas a interface entre estas duas coisas. Também se destaca por desenvolver uma metodologia que junta análise estética e análise sociológica. Essencialmente é uma pesquisa feita por alguém que tem experiência de mercado com a produção de quadrinhos independentes (veja aqui meus quadrinhos: http://axbraga.blogspot.com/p/minhas-publicacoes.html  ), militância na área e ensino de quadrinhos. Tudo na medida certa.

 Mara- Amaro, obrigada pela entrevista e sucesso com o livro. Gostaria que você deixasse uma dica para os leitores do blog que um dia sonham em seguir uma carreira acadêmica estudando quadrinhos. E também pode mandar mensagem para quem está no ensino médio ainda.

Amaro- Obrigado Mara, foi divertido e um prazer. E estas duas palavras são a chave para uma boa pesquisa acadêmica (também tem o rigor metodológico e a profundidade teórica, mas são mais chatos e é bom que venham depois da “diversão” e do “prazer”. estes vocês têm que ter, os outros dois, você aprende. E é isso: aprendemos a fazer uma pesquisa acadêmica. você tem que ser humilde, pois para ser acadêmica é necessário sempre estar submisso à crítica dos pares, que vão ler o trabalho, criticar e comentar e sempre é necessário levar estas críticas em consideração. 

E você não vai direto para a publicação. Deve ir submetendo os pedaços da pesquisa (em formato de artigo) em congressos, seminários e encontros acadêmicos. Nestes espaços você tem uma oportunidade de encontrar pessoas de diferentes locais do país e com diferentes formações que podem ver coisas que você não viu e questionar dados que passam despercebido no seu trabalho, ciente disso, você pode enriquecer ainda mais sua pesquisa. E não precisa está na universidade para isso acontecer. Como eu falei, numa questão acima, meus questionamentos e imersão nesta temática, começou quando eu ainda estava no ensino médio. Vale a pena insistir em algo que você se interessa. A sociedade só tem a ganhar com isso. Se quiserem mais dicas ou se tiverem idéias para sua monografia ou uma pesquisa envolvendo quadrinhos: basta entrar em contato:
http://axbraga.blogspot.com

***

(@maisdeoitomil)

31 comentários em “MdOM Interview – Entrevistando o Amaro Braga, autor do livro “Desvendando o Mangá Nacional”

  1. Alguém com mais de 12 anos compra Turma da Mônica Jovem?? Alguém que tenha cérebro compra o mangá do Didi??

    Tenho que admitir que não consegui ler a entrevista toda, achei BEEEM desinteressante :/

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  2. Valeu o trabalho,Mara =D.
    Gostei muito da entrevista,e é bom saber que o mundo acadêmico é muito mais “amplo” do que eu imaginava.Eu adoro sociologia,e com certeza vou comprar esse livro!
    Muito do que eu encontro na internet falando sobre mangá ou quadrinho(como assunto acadêmico) é em inglês e uma visão muito “americanizada”….é bom ter uma visão nossa sobre o assunto!

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  3. “Nossas editoras têm investido bastante no mercado nacional…”

    Esse cara fez mesmo uma pesquisa? Tirando os gibis do mauricio de souza (que só investe nele mesmo) em quais ouros títulos nacionais as editoras investiram nos ultimos 10 anos?

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  4. Achei bacana a entrevista e me identifiquei bastante. Fiz meu TCC do curso de História ano passado sobre a Mafalda, aprendi muita coia teórica sobre quadrinhos. Talvez eu vá atrás desse livro (só depois de relativizar alguns conceitos sociológicos) >_<

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  5. Achei muito legal a iniciativa. Me formei em Artes e também fiz o meu TCC sobre mangá, sei como é duro conseguir orientador e essas coisas.

    Só achei que a capa desse livro ficou extremamente mal desenhada. Podiam ter arranjado um desenhista melhorzinho…

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  6. Eu tive a oportunidade de conhecer o Amaro no ano passado quando ele foi o nosso anfitrião em um evento de pesquisadores em Recife e fic o muito feliz que a pesquisa dele tenha resultado em um livro.

    Ainda são poucos os que pesquisam mangás, desde a Lyuten à sei lá quanto tempo, mas é um grupo que vêm crescendo e escrevendo algumas coisas bem interessantes. Um dos males do fã brasileiro é que no geral ele assume uma posição muito passiva em relação ao que consome, poucos são os que correm atrás para aprender sobre aquilo no que gasta parte razoável do dia. Os que fazem isto acabam se surpreendendo por “descobrirem” que existe material sobre isso nas livrarias.

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  7. Muito legal, adorei a entrevista. Também fiz meu TCC sobre quadrinhos e tive um embasamento teórico muito bom sobre eles. Também quero fazer mestrado nessa área…comofas?

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  8. Como assim? Cadê as ironias e comentários? É 2012 mesmo… De qualquer forma, foi uma boa entrevista sim, são poucos que fazem estudos sobre esses assuntos.

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  9. Adorei a entrevista. Como faço faculdade, está recheada de termos que costumo ver no dia a dia. É bom algo diferente e serio por aqui de vez em quando.

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  10. Mto bacana a entrevista! Não imaginava q havia estudos científicos nessa área. Sou mestranda, mas da área de saúde. Pena q comecei a ser otaku na época em que já fazia facul… do contrário poderia estar estudando essa área tb, q é bem + divertida!!!

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  11. Belíssima ligação da imagem da ação magazine com o trecho “você não vai direto para a publicação.”

    Entrevista bacana, nível bem melhor que a inutilidade do VQ, sem relevância alguma aquilo.

    Quanto a análise episódios, bem interessante fazer esse link, quando esse blog tem uma sequencia dessas: “vlog da briga de gatos”, “mineurinho 1”, “mineironho 2: a volta do que não foi”.

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  12. Muito boa entrevista, e é bom saber que há gente que leva a sério o mangá, o bastante para produzir pesquisas metódicas a respeito. Tudo o que achamos que sabemos sobre mangá nacional não passa de achismo pessoal – uma pesquisa séria assim é bem vinda.

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  13. Gostei dessa postagem, vou até favoritar para a posteridade ^^

    Eu já tive uma disciplina sobre quadrinhos na faculdade – o negócio aqui é chique, mas não é sempre que tem essa disciplina. E uma professora já incentivou a eu fazer alguma pesquisa sobre desenhos violentos.

    Talvez eu faça meu TrabalhoChatopraCacete sobre algo que tenha a ver mais com Animes, já que gosto mais deles que dos mangás.

    De repente posso tentar até uma animação…

    Se vai dar em algo ou se eu mudo de idéia até lá, vai saber.
    Quero terminar pelo menos algum dos meus mangázins também…
    ao menos terminar de começar ^^

    Quando falam que o Bakuman fez a coisa ficar banal(caham), e qualquer piázinho acha que vai virar desenhista da noite pro dia(ou que alguém vai desenhar pra ele)… em parte é isso mesmo, mas eu acho legal esse mangá ter virado modinha.
    (e demorou, só virou depois de sair o anime.)

    Qual o problema dos molequin se matar achando que fazer mangá é fácil, aprendendo depois de sofrer com a realidade? Alguns podem sair bem sucedidos, não agora, mas quem sabe daqui a alguns anos, se manterem o interesse. Brasileiro já tem mania de achar que ser artista nunca vai dar dinheiro, que é coisa de vagabundo.

    Eu prefiro ver esse monte de gente indo atrás do que buscam e quebrando a cara do que se conformando pelo resto de suas vidas, tô certo.

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  14. Quando gostamos muito de algo, fica difícil percebê-lo de outra forma que não aquela que nos agrada.

    Exato! Falta um pouco desse “feeling” ainda.

    Sobre a tentativa de “emular” 100% das características do mangá, não sei se isso chega a ser um problema. O lance é que muitas vezes os projetos se prendem demais à estética e a história acaba não convencendo. Meh.

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  15. Daqui a 100 anos Holy Avenger ainda será o manga nacional de maior sucesso e Turma da Mônica continuará vendendo horrores.

    É uma pena que ele se limitou a falar somente de manga enquanto vemos o Fábio Moon e Gabriel Ba sendo publicados pela Vertigo.

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  16. Eu acho uma pena uma pauta séria ser pouco comentada, pelo visto a Mara não juntou “leitores dignos, com humor refinado”, mas sim, barraqueiros que só comentam em pautas inúteis.
    Que tiro pela culatra, hein?

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  17. Ué. mas vocês queriam que o povo comentasse o que? O cara fez teses de doutorado e mestrado em cima de algo que não existe, que é o “mangá nacional”. Não tem muito o que falar. Nego vai argumentar usando o que pra falar de mangá nacional? Turma da monica? Ação Fanzine?

    Não dá.

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  18. Luiz Fernando 17/02/2012 às 13:01 #

    “Ué. mas vocês queriam que o povo comentasse o que? O cara fez teses de doutorado e mestrado em cima de algo que não existe, que é o “mangá nacional”. Não tem muito o que falar. Nego vai argumentar usando o que pra falar de mangá nacional? Turma da monica? Ação Fanzine?

    Não dá.”

    THIS?/\

    Mangá nacional é tipo o termo imprensa especializada (pffff) que a Mara tanto usa.

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  19. Ainda tenho a convicção de que não se sustentam estas cisões entre comic-quadrinho-bd-gibi-mangá. Mas agora, essas marcas antropológicas existentes nos quadrinhos em cada país em que é produzido isso realmente algo que se percebe.

    Essas marcas antropológicas são facilmente reconhecíveis, mais dificilmente podem ser reproduzidas com perfeição.

    Só pra citar um exemplo: Por mais que os filmes hollywoodianos marquem nossas cultura a décadas, os cineastas brasileiros não fazem nada parecido com aquilo, mesmo quando querem.

    Com o quadrinho ocorre a mesma coisa. Não é só indesejável, como é impossível “emular 100% ” o quadrinho japonês, o resultado sempre terá um quê de falso. Da mesma forma com os quadrinhos de super-heróis.

    Isso ocorre não por que seja impossível aprender as técnicas do mangá: elas podem ser estudadas e utilizadas por qualquer quadrinista, mas por que existe elementos menos técnicos e mais inconscientes impregnados naquela estética.

    A gente se acostuma com a estética estrangeira, gosta, vira um fã, mais ela não se incorpora nos nossos espíritos com a mesma facilidade.

    Não sabemos reproduzi-la, mas sabemos indentifica-la com facilidade, e por isso surge aquela careta na nossa cara dizendo: isso aqui não foi feito por um japonês.

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  20. Excelente entrevista, Mara, parabéns. Interessante demais o aprofundamento dele neste tema que eu acho que nunca teve o desenvolvimento merecido.

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  21. porra, o cara faz cosplay com 30 anos … mas nem com 12 isso é aceitável … vá se foder …

    será que ele falou que holy avenger é uma bosta e que não tem cenários ???

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  22. Tem direito a réplica??? Se não tiver vai assim mesmo….

    # Se você for na livraria e listar, na sessão de quadrinhos, as editoras e os álbuns, verá que o número de autores nacionais é bem maior do que em décadas passadas; Mas pra saber disso é preciso comparar com um cenário anterior, não é verdade?! Na banca de revista, ainda são poucos, mas existem. Vejam o concurso da editora Abril para quadrinhos infantis bem recentemente (os independentes também são encontrados na Escala, Zarabatana, Devir, Via Lettera…..; Para quem atua no mercado…ele é bem mais amistosos que antes da década de 1990. O problema é que, muitas vezes, quando as pessoas falam de quadrinhos nacionais, querem se referir a produções locais, de gente conhecida, ou dos seus próprios quadrinhos…

    # Cara…. como pode dizer que não existe? Se as respostas fossem tão simples assim…. Não sou eu ou você que podemos dizer se algo existe ou não. Eles próprios (aqueles que fazem os mangás nacionais) dizem que fazem isso. Se eles dizem, é porque existem de fato! O termo se cunhou no mercado brasileiro. “Mangá Nacional”, o que danado é isso? Foi tentando dar uma resposta confiável (científica, que é diferente de uma simples opinião pessoal – Olha as aulas de metodologia científica aí gente!) que fiz a pesquisa. Como é que um “Mangá Nacional” ganha o HQMIX de melhor quadrinho nacional dois anos seguidos? Sabe quem é que elege este prêmio? um pouco mais de 2000 votantes: leitores, produtores, editores, pesquisadores, todos envolvidos com quadrinhos. Ou seja, o que passa na cabeça destas pessoas para elegê-lo como melhor produção de um período? São questões de pesquisa… importantes para compreender o mercado nacional. Reclama-se agora da qualidade da revista, mas ninguém (Leia-se: outro Mangá Nacional) conseguiu tamanho sucesso de crítica e de venda. 42 edições sem interrupção…. edições em banca, por todo o Brasil, sem interrupção, assinatura mensal!!!! é um fenômeno. Um sonho de qualquer quadrinhista (se disser que não, tá mentindo!!!!).

    # Por…. era uma piada. (Sei que não sou muito bom nisso….[lágrimas escorrendo ‘_’ ]). Mas estou em todos os eventos de cultura pop japonesa e levo meus filhos e já os inicio na prática…. além disso, dou um curso numa pós em Psicologia onde defendo os cosplays destas críticas. Relacionar a atividade a um nível etário é um âmbito de discriminação infundado. È o mesmo que dizer que assistir desenho animado e ler quadrinhos é coisa só de criança. Isto é, pura e simples ignorância. Não é possível aprofundar esta defesa aqui, por isso, aconselho a leitura de alguns filósofos contemporâneos, ainda vivos, que esclarecem bem esta situação (Michel Maffesoli, por exemplo). Ah…sim, pra não falar besteira sobre a estética dos quadrinhos (Cenários???) dá uma lidinha na trilogia de Scott McCloud, sempre é bom um pouquinho de teoria…. mal não faz!

    Eita… já peguei meu terço, fiz o depósito pro pastor e entreguei a galinha pra minha mãe-de-santo… to preparado pra rebordosa….pode vir… vem…vem…. [saltitando que nem Rocky Balboa…]

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  23. Ciências sociais se baseiam no método empírico ao invés do método científico. Isso quer dizer que toda a base teórica das ciências sociais é baseada somente em outros trabalhos científicos, sem experimentos diretamente com o público (a parte do método científico ficou com o marketing).

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  24. @Amaro, a falta de cenários em Holy Avenger é indefensável! Se a Awano tivesse lido o McCloud enquanto fazia o Holy, teria colocado cenários naquilo!

    Dizer que o quadrinho é bom por que ganhou prêmios é discurso de autoridade.

    O seu sucesso é inegável. Foi um êxito, sem dúvida, e por diversos motivos que não dizem respeito somente a qualidade do quadrinho em si. O Holy Avenger matou um pouco da sede da galera que queria ler mangás. Funcionou na época, mas não funcionaria dinovo.

    É verdade que vendeu bem, e que teve continuidade que várias publicações nacionais não atingiram. Isso são méritos sem dúvidas. Mas não significa que tal se deu por uma qualidade intrínseca do quadrinho.

    Deve-se lembrar que Holy Avenger era relacionado com outros produtos de RPG. Isso também influenciou de alguma forma no seu sucesso.

    Acredito que, se alguém lançar algo com aquela qualidade nos dias de hoje, é improvável que vingue. A prova disso foram as duas republicações de Holy Avenger canceladas.

    O pessoal que tá lançando coisa mais interessante hoje tá tendo muito mais trabalho do que Holy Avenger teve na época.

    Um bom quadrinho resistiria a um espaço de tempo relativamente curto.

    Mas assim, pra pesquisa, acho que pode ter sido um bom objeto de estudo, e estou interessado em ler seu livro.

    Ah, e não concordo também do termo mangá como é empregado. Mas não por achar que as nossas produções “não merecem” esse título. Acho que é um equívoco querer dar um nome diferente pro quadrinho só por que ele foi produzido em outro país e que, se você tiver sendo influenciado por quadrinhos de determinado país, você faz “x” e não quadrinho.

    Pra mim ( e muito influenciado pelo próprio citado aí, McCloud), quadrinho é quadrinho, essa de ficar dissociando é lance comercial pra rotular as obras, sem critérios que estejam ligados realmente as características específicas desse tipo de arte.

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  25. mara, sério, você já foi melhor em português. e em transcrições, no geral. será que tá operando com parceiroas(as)?

    só eu que acho cafona pessoas tentarem passar o comando pra aprofundar meu HOBBY e tornar tudo, tipo, sério? com direito à leitura de teorias/trabalhos acadêmicos/lidar com todas as palavras e termos que fazem os sociólogos serem conhecidos como…hum…sociólogos? faz quem quer, passar sermão é que é foda.

    um fenômeno interessante: otaku me faz facepalmear até quando não precisava.

    obs.:essa pessoa lê mangá e não se expressa (escrevendo coisas irrelevantes e boooorings entre parentes/aspas) e nem tenta criar vínculos com desconhecidos.
    sou chato mesmo, foda-se você.

    sobre a entrevista: captain obvious obviously got a job! well done, man! mas a gente sabe que é necessário ser óbvio quando todo mundo faz questão de ser ignorante de propósito. desejo, apesar de tudo, boa sorte com a iniciativa…que ela consiga chegar em algum lugar.

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  26. Olha, o cara analisou dois contextos completamente distintos.
    Holy Avenger só foi o que foi porque tava em banca, não era tão cara, era acessível e como disseram, não tinha mangá na época.
    Nem todo mundo tava acompanhando Ranma 1/2 da Editora Animangá na época.
    Atualmente, concordo, tem mais editoras publicando, mas lol, os quadrinhos independentes publicados por elas não chegam nas pessoas porque estão restritos às livrarias.
    Cansei de entrar em Saraiva / Fnac da vida e sempre tem alguém com um mangá na mão ou mesmo Comics, nunca aconteceu de ver gente com um “Cogumelos ao Amanhecer” ou um “Bando de Dois”.
    Quer dizer, o alcance das produções independentes, mesmo dentro de livrarias é limitado pacas!
    Nas bancas a coisa tá ainda pior. Mônica Jovem, Didi e Lili e Luluzinha Teen. Chegaram esses tempos os 3 gibis infantis da Editora Abril, vamos ver se eles seguram a onda.
    E claro, a Ação Magazine, que tá bambeando, meio balança-mas-não-cai.
    Olhando o ontem, com Holy Avenger e uma dezena de revistas que sairam e o hoje, o hoje me parece desalentador.

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